Filipe Soares Franco, presidente do Sporting, e António Costa, em nome da Câmara Municipal de Lisboa (CML), congratularam-se pelo acordo, assinado esta terça-feira, que permite desbloquear, em parte, o conflito relativo ao loteamento das parcelas de terreno em redor do Estádio de Alvalade que já se arrastava há sete anos. Um acordo que permite ao clube lotear e vender, a curto prazo, cerca de 109 mil metros quadrados que poderão proporcionar uma receita de 27 milhões de euros. Mas nem tudo ficou resolvido no protocolo assinado entre as duas partes. Falta ainda chegar a acordo quanto a duas questões que vão ser decididas por um tribunal arbitral e o Sporting reclama ainda prejuízos de 24 milhões de euros, que despendeu no pagamento de juros, pela morosidade de todo o processo.
Para já o Sporting vê desbloqueado o licenciamento da Zona três, um terreno com 29 mil metros quadrados, junto ao metropolitano, e o Plano Director Municipal (PDM) reconhece ainda a possibilidade de construção na Zona 2, terreno de 80 mil metros quadrados (antigo estádio), cuja urbanização vão ser decida na próxima sessão de câmara, prevendo-se, desde já, que conta com o voto favorável da maioria dos vereadores. Assim, no total, o Sporting ficará com liberdade de construção, loteamento e venda sobre um total de 109 mil metros quadrados.
Falta ainda resolver duas questões em conflito que, por acordo entre as duas partes, serão decididas por um tribunal arbitral, formado por um perito nomeado pelo Sporting, outro pela CML e um terceiro eleito entre as duas partes, a ser constituído até ao próximo dia 15 e que terá, obrigatoriamente, de tomar uma decisão até 31 de Março de 2008. Em causa está apurar se a CML dispensou o Sporting de ceder terrenos para a implantação de espaços verdes e, num outro plano, determinar se a CML se comprometeu a conceder ao Sporting direitos de edificabilidade sobre mais 29 mim metros quadrados a acrescer aos 109 mil já previstos no PDM.
Sobre esta última parcela de terreno, considerada área de reserva, o Sporting comprometeu-se a não alienar, mesmo que a decisão do tribunal arbitral lhe seja favorável, e devolvê-la devidamente ajardinada. Neste caso, a CML compensará o clube com a atribuição de outro terreno, noutra zona da cidade, de igual valor.
Filipe Soares Franco manifestou-se «regozijo» com o acordo alcançado e fez um historial da polémica que começou em 1999 com o protocolo para o «grande projecto Euro-2004» que incluía a construção do novo estádio. O presidente do leões recordou que o clube reabilitou a zona urbana em redor do estádio proporcionando aos cidadãos um centro comercial, uma clínica e um pavilhão polidesportivo que acolhe mais de cinco mil pessoas por dia. Um investimento, contando com o estádio, superior a 170 milhões de euros, que, segundo o dirigente, não teve ainda qualquer das contrapartidas previstas nos acordos. «Passaram-se sete anos e o Sporting ainda não construiu um metro quadrado», referiu.
António Costa, presidente da CML, também fez um historial de todo o processo, e congratulou-se por ter colocado um ponto final numa polémica que se arrastava há muitos anos.