Diamantino Miranda, treinador do clube de futebol Costa do Sol, pediu «desculpas ao povo moçambicano», considerando que houve «uma interpretação mal feita» das declarações que levaram ao cancelamento da sua licença de trabalho no país.

O Ministério do Trabalho moçambicano cancelou a licença de trabalho de Diamantino Miranda, acusando o técnico de «falta de respeito, civismo e pelos valores consagrados na Constituição do país».

Diamantino Miranda, que cumpre a segunda temporada à frente do Costa do Sol, envolveu-se numa polémica, durante uma discussão com jornalistas que cobriam um jogo entre a sua equipa e o Vilankulos FC.

«Todos aqui são ladrões. Vocês são todos uma cambada de ladrões, você e outros jornalistas são pagos por um prato de sopa. Este país não é sério», disse Diamantino Miranda, segundo uma gravação de um canal de rádio que fazia reportagem da partida.

Após o incidente, o treinador foi preventivamente suspenso pela Liga Moçambicana de Futebol (LMF) das suas funções, enquanto aguardava o resultado de um inquérito aberto pela entidade que rege o principal campeonato de futebol moçambicano.

Numa conferência de imprensa realizada em Maputo, Diamantino Miranda pediu desculpas «ao povo moçambicano», afirmando que houve uma «interpretação mal feita» das suas palavras.

«Quero pedir desculpas pela interpretação mal feita que foi dada às minhas palavras a toda a gente e aos desportistas em geral, e, principalmente, àqueles que nada tem a ver com isso, ao povo moçambicano, que eu levo no coração», disse o técnico.

O técnico português afirmou que os moçambicanos sempre tiveram «grande consideração» por si, o que justificou a permanência por cerca de dois anos em Moçambique.

«Quando surgiu a hipótese de vir para Moçambique nem olhei para trás. Parto com vontade de que a verdade seja reposta e que um dia possa regressar a Moçambique para vir trabalhar novamente», disse Diamantino Miranda.

Em comunicado enviado à Lusa, o Ministério do Trabalho de Moçambique indicou: «A ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo, cancelou, ontem, 09 de outubro de 2013, através de um despacho, a licença de trabalho ao cidadão português Diamantino Miranda», refere a nota, ressalvando que recebeu um ofício do Ministério da Juventude e Desportos com um relato sobre a conduta do técnico.

De acordo com o documento, «a afirmação todos aqui são ladrões adensa o caráter pouco comum do técnico, pois trata-se de um comportamento reincidente de falta de respeito, civismo e consideração aos valores consagrados quer na Constituição da República, quer na legislação ordinária em vigor no nosso país».