Rafa Nadal e Roger Federer. Chegámos a 2017 e ei-los de volta. Este foi o ano que viu renascer uma das grandes rivalidades da história do desporto, os dois de regresso ao topo depois dos 30, quando já lhes antecipávamos o ocaso da carreira. Eles são a grande história do ano desportivo. Ganharam os quatro Grand Slams da temporada, dois para cada um, terminam o ano de novo na frente do ranking mundial. Rafa é número 1, Roger vem a seguir.

Fedal, a grande história

Depois de um 2016 para esquecer de ambos, eles abriram logo a temporada em estilo. Nadal chegou ao Open da Austrália como nono do ranking e Federer como 17º. Foram avançando até à final de sonho em Melbourne, no final de janeiro. Ganhou Federer uma decisão inesquecível e memorável, de classe e desportivismo. Não há melhor do que isto.

Para ver e rever

Num ano de apagão para Novak Djokovic e Andy Murray, que tinha começado 2017 como nº 1 do mundo, só deu «Fedal». Em Junho Nadal foi rei em Roland Garros por uma incrível décima vez. Em julho Federer venceu Wimbledon, o seu oitavo triunfo na relva londrina e também um recorde. E em setembro Nadal ganhou o Open dos Estados Unidos. O saldo está em 19 Grand Slams para Federer e 16 para Nadal, 35 por junto.

O adeus amargo do relâmpago

Em contraste com o «comeback» épico dos dois colossos, a despedida de outro gigante. Usain Bolt disse adeus ao atletismo de competição nos Mundiais de Londres, aos 30 anos. A dois tempos.

Abriu com prova-raínha, os 100m. O homem mais rápido de sempre, recordista mundial dos 100m e 200m, passou as eliminatórias mas na decisão partiu mal e não conseguiu melhor que o bronze. O ouro foi para o ainda mais veterano Justin Gatlin e o público de Londres não acolheu bem o desfecho da história. O norte-americano, com passado de suspensões por doping, foi vaiado na pista e também na cerimónia do pódio. Mas a imagem que fica é este, a vénia do próprio Gatlin a Bolt na hora da vitória.

A despedida definitiva de Bolt foi dramática. Era a final dos 4x100m e Usain fechava a estafeta da Jamaica para os últimos 100 metros da sua carreira. Ainda iniciou a corrida, mas sentiu um esticão na perna e caiu pelo chão. Terminava neste antí-climax uma carreira ímpar.

Londres de despedidas e consagrações

Os Mundiais de atletismo assinalaram mais despedidas, entre elas a de Mo Farah. O britânico de origem somali, bicampeão olímpico dos 5000m e 10000m, revalidou o título na distância mais longa perante o seu público, antes de dizer adeus à pista. Aos 34 anos, a sua aposta será agora a maratona.

Portugal teve o ouro de Inês Henriques nos 50km marcha e o bronze de Nélson Évora, mas disso falamos no balanço das modalidades nacionais. De resto, Londres representou a consagração da velocista norte-americana Allyson Felix como a mais medalhas de sempre em Mundiais de atletismo, 16 medalhas.

Os suspeitos do costume a acelerar

Da pista de atletismo para os circuitos, 2017 também foi o ano dos consagrados. Lewis Hamilton foi campeão do mundo de Fórmula 1 pela quarta vez, igualando Alain Prost e Sebastian Vettel. Só Michael Schumacher e Juan Manuel Fangio têm mais títulos.

Nos ralis também não houve lugar a surpresas. O francês Sébastien Ogier conquistou o seu quinto título mundial e a vitória no Dakar foi para Stéphane Peterhansel, pela... 13ª vez.

Nas motos Marc Márquez também voltou a impor-se no MotoGP. O quarto título mundial para o espanhol de 26 anos, o mais jovem de sempre a chegar ao tetra, num desporto em que 2017 assistiu também à confirmação de uma promessa em português: Miguel Oliveira.

Froome, o ano de sonho com final de pesadelo

As duas rodas sem motor também tiveram protagonistas familiares. Chris Froome festejou pela quarta vez nos Campos Elíseos a conquista da Volta a França, o seu terceiro Tour seguido. E em setembro juntar-lhe-ia a Volta a Espanha. O ciclista britânico terminou o ano acusado de doping por um positivo na prova espanhola e a prometer defender-se.

Ainda no ciclismo, o eslovaco Peter Sagan, que tinha sido protagonista no Tour ao ser expulso por derrubar Marc Cavendish, conquistou em setembro o seu terceiro título mundial de estrada, o primeiro de sempre a vencer em dois anos seguidos.

Regressos, abandonos, surpresas e grandes histórias

Mas teve mais, 2017. Grandes histórias, sucessos e despedidas. Duas numa a de Serena Williams, que no final de janeiro bateu a irmã Venus na final do Open da Austrália para conquistar o seu sétimo título em Melbourne, um recorde, e o seu 23º título em Grand Slams, outro recorde. Em abril Serena anunciou que estava grávida de 20 semanas e o mundo começou a fazer contas para trás, para conclui que já estava à espera de bebé quando fez história em Melbourne.

E depois houve Tom Brady, que em fevereiro liderou os New England Patriots na conquista da Super Bowl, numa reviravolta épica frente aos Atlanta Falcons, a quinta para o seu currículo. E depois o maior quarterback da história do futebol americano despediu-se, ponto final numa carreira notável.

O desporto norte-americano teve outra grande história este ano, a conquista do título de basebol pelos Houston Astros. Um triunfo inédito de uma equipa que ainda há três anos era a pior da Liga e que chegou ao topo assente num profundo e metódico plano de sistematização e organização do jogo. E teve política. Este foi o ano em que um jogador da NFL, Colin Kaepernick, tomou uma posição que pretendeu ser de alerta para a violência policial com pendor racista e se tornou num movimento. O joelho no chão na hora de soar o hino no estádio foi tendência e chegou à administração norte-americana, com Donald Trump a multiplicar «tweets» contra a NFL. Kaepernick, entretanto, está desempregado, sem clube que o contrate.

A fechar, a promessa de Tiger Woods. O golfista mais mediático da história foi lá ao fundo no meio de muitos problemas físicos e pessoais, a meio do ano foi preso por conduzir embriagado mas no início de dezembro já deixou alguns sinais positivos. Foi nono nas Bahamas, no Hero World Challenge, e subiu mais de 500 posições no ranking mundial. Ele, que tinha caído até ao 1199º lugar, é agora 664º.