A Federação de Patinagem de Portugal acusou as seleções francesa e espanhola de hóquei em patins de terem ferido a verdade e a ética do desporto no jogo entre as duas equipas a contar para o Europeu de hóquei em patins, que decorre em Paredes.

«Depois de um jogo épico e apaixonante [n.d.r.: Espanha-Portugal, 9-10 na véspera], que cativou as emoções de adeptos e não adeptos de hóquei em patins, o que comprova a transcendência e o quanto o desporto é sublime, assistimos a factos que contrariam os próprios valores do desporto e da competição. Negar competir é a antítese daquilo que deve ser a excelência das equipas, dos seus valores e dos seus treinadores. Ontem, as seleções nacionais de França e Espanha não aplicaram os valores de ética e fair play», pode ler-se.

A Federação lembra que a equipa de arbitragem teve mesmo de interromper duas vezes o jogo para advertir os capitães de França e Espanha por anti-jogo e fala em «opções estratégicas» que fizeram com que alguns habituais titulares das duas equipas ficassem de fora ou jogassem menos tempo do que o que se verificara nos jogos anteriores. E acusa uma das seleções [a Espanha] de ter «falhado deliberadamente um livre direto», ação essa que foi sancionada pelo árbitro como cartão azul.

França e Espanha chegaram à última jornada da fase de grupos do Europeu de hóquei em patins no primeiro e segundo lugares, respetivamente. A vitória de Espanha por dois golos (que se verificou) manteria as duas seleções no topo do grupo e permitir-lhes-ia jogar entre si a final, relegando Portugal, campeão do Mundo, para a luta pelo 3.º lugar, independentemente do resulado que obtivera com a Andorra, seleção que surpreendentemente empatara no dia anterior com a França.

O COMUNICADO NA ÍNTEGRA:

«Depois de um jogo épico e apaixonante, que cativou as emoções de adeptos e não adeptos de hóquei em patins, o que comprova a transcendência e o quanto o desporto é sublime, assistimos a factos que contrariam os próprios valores do desporto e da competição.

Negar competir é a antítese daquilo que deve ser a excelência das equipas, dos seus jogadores e dos seus treinadores. Ontem, as seleções nacionais de França e Espanha não aplicaram os valores de ética e fair play.

Durante os cinquenta minutos, os árbitros do encontro interromperam, por duas vezes, o jogo para advertir os capitães de ambas as seleções por anti-jogo. O primeiro aviso foi realizado a 8m do final do jogo, tendo ambos os capitães sido sancionados com cartão azul a 2m do final do encontro.

Por coincidência, o capitão da seleção francesa, que acumulava dois cartões azuis antes deste jogo, ficou ontem estrategicamente no banco e sem braçadeira, protegendo-o de eventuais suspensões, em caso de novo cartão azul.

Foram ainda visíveis as opções estratégicas das equipas. Num jogo que decidia a qualificação para a final, ambas as seleções optaram por deixar de fora (na convocatória ou no tempo de jogo) alguns dos seus habituais titulares, tendo inclusive uma seleção falhado deliberadamente um livre direto, ação que foi sancionada pelo árbitro com cartão azul.

A Federação de Patinagem de Portugal esforçou-se para assegurar que o hóquei em patins europeu, ao nível das seleções, se mantivesse ativo. Agimos na defesa da modalidade, assumindo a responsabilidade de realizar os cinco torneios europeus agendados para este ano, face à indisponibilidade das outras federações em manterem os seus compromissos.

Assumimos as nossas responsabilidades desportivas, neste Campeonato da Europa, com a mesma convicção com que repudiamos todos os comportamentos anti-desportivos que, além de impactarem negativamente no nosso desporto e na credibilidade das nossas competições, ferem a verdade e ética do desporto.»