Os três atletas que vão representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno já conquistaram «uma vitória» ao qualificarem-se para Pequim2022, onde prometem «suar a camisola e honrar a bandeira», garantiu esta segunda-feira o chefe de missão.

Pedro Farromba assinalou que o objetivo dos estreantes Ricardo Brancal e Vanina de Oliveira, em esqui alpino, e José Cabeça, em esqui de fundo, não passa por medalhas, mas por consolidar o projeto de «melhorar edição após edição», durante a apresentação da missão portuguesa, na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP).

«Não prometemos medalhas, mas suar a camisola e honrar a bandeira. Há muitos milhares de atletas a praticar desportos de inverno em todo o mundo. O facto de três portugueses atingirem os mínimos [de qualificação para Pequim2022] é, já de si, uma vitória. O país tem as condições naturais que tem...», lembrou.

Natural de Évora, José Cabeça tem «menos de cinco meses de neve na vida»: «Sou alentejano e a última vez que nevou em Évora foi em 2004 e foi só um bocadinho. Não dava para esquiar. Sou tão novo nisto que tenho apenas quatro provas internacionais», observou.

A inexperiência não o demove de querer ser «o melhor português a fazer esqui de fundo», mas, para já, promete apenas «dar o melhor», reconhecendo que «um resultado a meio da tabela seria incrível» e que nos próximos Jogos conversará «de maneira diferente».

«Nem fazia ideia de como se praticava. Nos últimos dois meses trabalho com um treinador e a evolução foi incrível. Tentámos fazer o que se demora quatro ou cinco anos a fazer. Não comecei a fazer esqui de fundo porque era giro, mas porque queria ir aos Jogos Olímpicos», advertiu.

José Cabeça é também praticante de triatlo, modalidade em que chegou a integrar a seleção nacional e à qual espera poder regressar um dia, até porque não perdeu a «esperança de ser o primeiro português a ir aos dois [Jogos Olímpicos, de Verão e Inverno]».

Ricardo Brancal, também de 25 anos e com um passado ligado a outra modalidade – o ténis -, aponta a um lugar no top 50 no maior evento mundial de desportos de inverno, entre 4 e 20 de fevereiro, 14 anos depois de a capital chinesa ter recebido os Jogos Olímpicos de Verão.

«Seria bom igualar ou superar Arthur Hanse, que obteve um top 40 em slalom [36.º lugar, em Pyeongchang2018], mas será difícil, pois o nível que tinha em 2018 é superior ao que tenho neste momento», admitiu.

Enquanto José Cabeça fez um estágio intensivo de dois meses na Noruega e Ricardo Brancal está há dois anos em Itália, para terem melhores condições de preparação, Vanina de Oliveira, de 19 anos, reside em França, o que significa um convívio mais longo com desportos de neve.

«Espero representar bem Portugal, mas também divertir-me e aproveitar o momento. O slalom é a minha disciplina favorita e na qual vou tentar um resultado melhor», afirmou a atleta, cuja mãe é portuguesa.

O presidente do COP, José Manuel Constantino, alertou para a «realidade muito severa, porventura, mais severa do que nos Jogos Olímpicos de Verão, em Tóquio», que a comitiva lusa vai encontrar, devido à pandemia de covid-19, assinalando igualmente as dificuldades dos praticantes de desportos de inverno em Portugal.

«Não é surpresa para ninguém que Portugal tem uma presença reduzida nos Jogos Olímpicos de Inverno. A nossa esperança é que possamos superar esse défice, sobretudo nas modalidades de pavilhão de desportos de gelo e ter uma representação mais robusta em próximas edições», notou.

O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, destacou uma «delegação reduzida em número de atletas, mas nada reduzida em vontade de desempenhar esta missão com sucesso para o país», que participa pela nona vez na competição.

Em Pequim2022, Vanina Oliveira será a primeira a entrar em ação, a 7 de fevereiro (slalom gigante) e 9 (slalom), seguindo-se José Cabeça, a 11 (15 km clássicos), e Ricardo Brancal, a 13 (slalom gigante) e 16 (slalom).