Miguel Oliveira apontou como objetivo ser o melhor piloto da KTM em pista na temporada de 2020 no Campeonato do Mundo de motociclismo de velocidade, na categoria rainha de MotoGP.

«O meu objetivo, sem dúvida alguma, é ser a melhor KTM em pista. Se isso se traduz num top-10 ou top-5 não sei, mas quero ser a KTM líder e, junto com a minha equipa, fazer esse trabalho e levar a KTM o mais longe possível», afirmou o piloto português, em entrevista à agência Lusa.

Na marca austríaca, Miguel Oliveira vai ter como rivais o espanhol Iker Lecuona, também na Tech3, o sul-africano Brad Binder e o também espanhol Pol Espargaró, ambos na equipa de fábrica.

O piloto natural de Almada reiterou a ambição de alcançar o título mundial nos próximos três anos, dois dias depois de o revelar numa ação promovida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

«Esse é o meu objetivo pessoal como atleta. Num prazo de três anos poder lutar por um título mundial. Obviamente, muitas coisas têm de se alinhar para que isso aconteça, nomeadamente, a KTM demonstrar ser uma mota suficientemente competitiva para lutar por vitórias. Se não lutar por vitórias é completamente irrealista pensar em lutar pelo título. Eu julgo que, no prazo de três anos, é possível. 2021, 2022 e 2023 ainda estão por vir e eu acredito no meu trabalho e no meu potencial para ter condições e criar esta oportunidade», reafirmou.

O português voltou a assegurar que foi uma decisão sua permanecer na Tech3 e não transitar para a equipa de fábrica da KTM.

«Zero frustração por isso. Foi uma decisão minha. Talvez a maior expectativa tenha vindo do lado dos fãs, que, erradamente, a equipa principal era um melhor local para eu evoluir e ter melhores resultados do que aquele em que já estava. Houve uma conversa entre mim e a KTM e ambas as partes decidiram que, tecnicamente, era muito mais atrativo permanecer onde estava do que conduzir a mesma mota numa estrutura que desconhecia», referiu.

Na antevisão à nova temporada, que vai arrancar em 08 de março, com o Grande Prémio do Qatar, Miguel Oliveira espera que seja mais equilibrada, sem o mesmo domínio do espanhol Marc Márquez (Honda).

«Espero que não, que seja uma época mais animada, com mais pilotos diferentes a lutar por vitórias. Foi um ano atípico, em que o Márquez pôde tirar o máximo de cada situação, com uma adaptação muito rápida às diferentes condições. Ao mesmo tempo em que tivemos muitas surpresas, com pilotos que não esperávamos e andaram muito rápido e a lutar por vitórias, como foi o caso do Quartararo, associada à evolução de outras marcas que se estão a afirmar. Julgo que o Márquez teve todos os ingredientes para fazer a época que fez, mas espero que em 2020 haja mais oportunidades para outros entrarem», concluiu.

Miguel Oliveira fez um balanço da temporada de estreia no campeonato do mundo de motociclismo de velocidade.

«Acho que o ponto alto da época foi o meu primeiro top-10 na Áustria, e que melhor lugar do que a casa da KTM. Fui também a primeira KTM nessa corrida, que foi a primeira com a moto completamente igual à equipa principal, e isso deixou-me com muito otimismo em relação ao futuro. Embora os resultados não demonstrassem, houve outras provas muito boas, em que tudo o resto estava lá», afirmou o piloto português.

Aos 24 anos, Miguel Oliveira chegou ao MotoGP, conseguindo o 17.º lugar, com 33 pontos, numa temporada em que falhou as últimas três corridas, devido a uma lesão no ombro direito.

«Sentir-me-ia mais completo se tivesse feito toda a temporada. Sinto que estava tudo a correr conforme planeado até à queda em Silverstone, que foi a que originou a minha lesão, estava a sentir-me cada vez melhor com a mota e, obviamente, os resultados na segunda metade da temporada iriam ser muito melhores. Era isso que eu estava à espera», frisou.

O português pontuou em nove das 16 provas em que alinhou, tendo desistido no Grande Prémio da Grã-Bretanha, onde foi abalroado pelo francês Johann Zarco, num incidente que já foi ultrapassado.

«Desde o incidente em Silverstone que eu desculpei e entendi a tentativa de ultrapassagem do Zarco. Honestamente, não tenho nenhum rancor ou ressentimento para com ele. Acho que são tudo águas passadas, fazem parte da competição e quem não aceitar isso, dessa forma, não consegue aguentar muito no campeonato», referiu.

Mesmo assim, e em jeito de balanço da temporada, Miguel Oliveira assinalou como «nota muito positiva» a sua capacidade competitiva quando «estava 100% saudável e tinha a mesma mota da equipa de fábrica».

«Isso deixou-me muito bons indicativos para 2020», rematou.

Miguel Oliveira assumiu-se confiante, no fim da «longa recuperação» à lesão contraída no ombro direito, para os testes oficiais, marcados para Sepang, na Malásia, entre 07 e 09 de fevereiro de 2020.

«Sim, 100%. Espero estar próximo de 100% da minha capacidade física para poder testar em condições e dar o feedback correto à equipa.»

O piloto português mostrou-se cético quanto ao regresso do MotoGP a Portugal, dizendo não ter preferência entre Portimão e Estoril.

«Independentemente da localização, o mais importante é vir para Portugal. Até ver a data marcada, ainda me mantenho cético, porque não quero sonhar sem ter razões suficientemente fortes para que isso aconteça. Não me canso de dizer que é um sonho tornado realidade correr no MotoGP em Portugal. Julgo que todos os fãs merecem, ter um piloto português já é [motivo] suficiente e eu espero que isso aconteça brevemente.»