Aos 43 anos, João Vieira conseguiu o seu melhor resultado de sempre nos Mundiais de Atletismo na prata conquistada nos 50 km marcha em Doha, Qatar, e tornou-se no mais velho atleta de sempre medalhado em Mundiais, em todas as provas. Mas o marchador algarvio diz que não sente a idade que tem.
«Muitas vezes acordo de manhã e penso que ainda tenho vinte anos e com isso vou à luta todos os dias. Muita gente não acreditava neste resultado e se calhar eu só em sonhos», comentou no final, radiante com o feito conseguido, em declarações aos jornalistas.
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João Vieira, que foi bronze em 2013, conseguiu uma prova tática exemplar, passando em 13.º aos 20 quilómetros, para depois recuperar de forma sustentada lugares e tempo, até que a última volta do fim atacou com êxito a posição do chinês Wenbin Niu, que não podia arriscar muito por já ter advertências técnicas.
Venceu o japonês Yosuke Suzuki, recordista mundial dos 20 km marcha, em 4:04.20 horas. Vieira entrou com 4:04.59, três segundos apenas à frente do canadiano Evan Dunfee, que também protagonizou uma magnífica recuperação.
As condições de temperatura e humidade estiveram menos pesadas que na véspera, o que não impediu uma extensa lista de desistentes, entre os quais o francês Yohan Diniz, anterior campeão mundial, e o húngaro Matej Toth, campeão olímpico.
«É a medalha da minha carreira, com 43 anos ainda estive aqui, estou feliz por todas aquelas pessoas que trabalham comigo, no dia a dia e continuam a acreditar no meu trabalho. Foi mais uma grande prova esta noite e é o trabalho de uma equipa», disse no final Vieira, que ainda conta ir aos Jogos Olímpicos e aos Mundiais de 2019, para o que será a despedida da distância do calendário oficial.
«Os resultados saem, com o prazer que eu tenho todos os dias em treinar - muitas vezes com fadiga, mas trabalhei diariamente para estar aqui, mais uma vez no campeonato do mundo, e agora mereço um bom descanso», diz o marchador, numa época «com três provas de 50 km nas pernas, estupenda mas com muito sofrimento».
Promete não acabar aqui a carreira e continuar enquanto tiver condições para isso: «A vida de um atleta é agarrar o dia a dia. Muitas pessoas olham para mim e não me olham com cara de 43 anos, mas a cara de um jovem, porque a minha garra nas competições tem sido muito grande. ainda estou aqui na luta com os mais jovens. É nos 50 km onde tenho conseguido a melhor classificação, mas tenho feito provas desde os 5 km até aos 50», frisou.
João Vieira vai receber a medalha domingo ao início da tarde no estádio Khalifa, de Doha. Será a primeira vez que sobe ao pódio, já que a medalha de 2013 foi conseguida após a desclassificação de um atleta inicialmente declarado como medalhado.