Assustador…. De cortar a respiração…. Interminável… São adjetivos que podem qualificar os segundos e minutos que se seguiram à queda do surfista Alex Botelho, no dia 11 de fevereiro, no meio das ondas gigantes da Nazaré.
 
Nos últimos cinco minutos da última «heat» do Circuito Mundial de Ondas Gigantes, o surfista caiu na água, com o colega Hugo Vau, de imediato, a socorrê-lo num jet-ski.  Só que as ondas gigantes da Nazaré, que chegam a atingir os trinta metros, não perdoaram e os dois acabaram atingidos em pleno salvamento.

Valeu a ambos a pronta intervenção das equipas de socorro que rapidamente retiraram Alex Botelho da água. Seguiram-se momentos de grande incerteza com as equipas médicas a tentarem reanimar Alex Botelho que perdeu a consciência durante cerca de dois minutos.

Agora, pouco mais de um mês e meio depois do acidente, em entrevista ao site da Liga Mundial de Surf (WSL), Botelho recordou os momentos em que recuperou os sentidos, no areal da Praia do Norte: «Após perder a consciência a primeira coisa de que me lembro foi ouvir vozes na praia. Depois, quando abri pela primeira vez os olhos estava já na ambulância. As primeiras pessoas que vi foram a minha namorada e o Hugo (Vau) que estavam à porta. Lembro-me de pensar para mim mesmo que, boa, estou vivo!», referiu o surfista.

Alex Botelho foi então transportado em estado «estável e recuperado», primeiro para o Hospital de Leiria, onde esteve inicialmente na Unidade de Cuidados Intensivos, depois para a Unidade de Pneumologia onde terminou a recuperação.
 
Nos primeiros 4 dias ainda necessitou de respiração assistida, mas a partir daí passou a respirar pelos seus próprios meios, com os receios após o grave acidente que sofreu de que podia ter ficado com problemas irreversíveis a não se confirmarem: «A primeira coisa que me fizeram depois de estar estável foi fazer um exame ao meu cérebro em busca de mazelas já que estive muito tempo sem oxigénio. O relatório oficial dizia que tinha estado dez minutos sem oxigénio. Por isso, seis minutos na água e mais quatro minutos no areal até que comecei a respirar novamente. Felizmente os exames correram bem e não revelaram quaisquer mazelas», disse Botelho, que teve alta do hospital 15 dias depois de ser admitido.

O acidente deixou no entanto várias mazelas a nível físico no surfista que viu um pulmão perfurado e contraiu uma bactéria através da água do mar. Para além disso, toda a zona dos pulmões acabou por sofrer danos ao nível muscular. 

Botelho ainda não consegue respirar a 100% mas está a fazer tudo para regressar ao seu melhor nível e com objetivos bem definidos: «Tive tempo para pensar e nada mudou no que diz respeito aos meus objetivos. Quero voltar a surfar nas ondas gigantes da Nazaré e por todo o mundo. Está nas minhas mãos o quanto posso forçar para regressar à água o mais depressa possível. Para fazer isso, agora só posso focar-me na minha recuperação», referiu o surfista português de 29 anos, natural de Lagos.