O selecionador nacional de voleibol, Hugo Silva, assegurou que Portugal possui uma equipa «bastante competitiva» e vai lutar pela «difícil» qualificação para o Europeu de 2021, que arranca sexta-feira, com o foco no primeiro lugar do grupo.

«É uma equipa com soluções bastante interessantes em quase todos os setores. Mesmo entre eles [jogadores] a competitividade é muita e o nível de exigência do mais alto nos últimos cinco ou seis anos», disse à agência Lusa Hugo Silva.

Nesta derradeira fase de apuramento para o Europeu, a seleção lusa defronta, em dois torneios no grupo G, as congéneres da Noruega, Bielorrússia e Hungria. Portugal acolhe o torneio 2, de 14 a 16 de maio, em Matosinhos, enquanto a Hungria recebe o 1, de sexta-feira a domingo.

«É difícil e importante perceber desde logo esse grau de dificuldade. Se fosse pelos nomes, Portugal, que tem andado em grandes competições nos últimos tempos, estaria como favorito, mas convém não esquecer que a Bielorrússia é cabeça de série, porque tem melhor ranking», adiantou.

«Queremos alcançar o segundo apuramento consecutivo e temos que estar preparados para as dificuldades, saber sofrer e saber lidar com os momentos menos bons. A equipa tem demonstrado condições para fazer uma grande qualificação», assegurou Hugo Silva.

Embora o segundo lugar do grupo possa garantir o apuramento para o Europeu, na condição de ser um dos melhores cinco dos sete torneios, Hugo Silva não quer pensar nessa hipótese e encara a qualificação com o foco na luta pelo primeiro.

«Quando é para lutar pelo segundo lugar os resultados são menos bons e assim não funciona. Temos que pensar no primeiro lugar e meter na cabeça que só passa o primeiro», disse Hugo Silva, recordando que «os segundos não garantem a presença direta».

Para atacar a qualificação, Hugo Silva recorreu a dois jogadores históricos que já tinham deixado a seleção, os campeões nacionais pelo Benfica Hugo Gaspar e André Lopes, por serem atletas que, «já desde a sua saída, deixaram bem claro que estariam disponíveis para ajudar».

«A partir do momento que é para nós uma competição tão importante [como a qualificação para o Europeu] temos que nos socorrer a todos, para colocar a nossa seleção no melhor momento para aquilo que é uma luta que vai ter pela frente», referiu.

Hugo Gaspar, médico de medicina geral e familiar, com 20 anos de seleção, regressou após três anos de ausência «para ajudar» na qualificação, mas também pelos filhos, de oito e quatro anos, para que eles «tivessem uma imagem do pai a competir pela seleção nacional nos palcos internacionais».

A ausência de André Lopes, tal como de Hugo Gaspar, foi ditada por questões profissionais e familiares, mas desta vez, como a preparação é curta, foram os próprios filhos, de 12, 10 e cinco anos, que o incentivaram a aceitar o desafio.

«Eles foram os primeiros a dizer para eu vir [à seleção], porque eles não se lembram, principalmente os mais novos, de me ver com a camisola do país no corpo. É também por eles que estou cá», adiantou André Lopes, que durante 16 anos consecutivos representou Portugal.

Segundo o selecionador, os dois jogadores «vão só fazer a qualificação» para o Europeu. A seguir, Portugal participa na Golden League, competição que vai então servir para «observar e rodar jogadores».

O facto de Portugal organizar o segundo torneio do grupo G, de 14 a 16 de maio, em Matosinhos, é encarado de forma positiva por Hugo Silva, que considera, mesmo sem a presença de público, «poder ser um fator decisivo na qualificação».

«Estar em casa e a respirar o nosso país por si só já é diferente. As referências do pavilhão são nossas, já temos maior conhecimento da envolvência do palco da competição, mesmo que com a ausência do público seja como jogar em campo neutro», adiantou.

As 12 seleções apuradas nesta fase de qualificação irão juntar-se aos quatro organizadores (Polónia, República Checa, Estónia e Finlândia) e às outras oito seleções já qualificadas de acordo com a classificação final do Europeu de 2019, no qual Portugal terminou em 20.º.

Seleção feminina «confiante»

O selecionador português de voleibol feminino, João José, afirmou que é fundamental «começar bem, acabar bem, e estar pelo meio também bem» na qualificação para o Europeu de 2021, que começa na sexta-feira, em Matosinhos.

Portugal está inserido no Grupo B, com as seleções da Geórgia, Suécia e Ucrânia, e recebe o primeiro torneio, de sexta-feira a domingo. O segundo torneio decorre em Tbilisi, na Geórgia, de 14 a 16 de maio. Apuram-se para a fase final os dois primeiros.

A seleção da Geórgia vai falhar o primeiro torneio, que se disputa em Portugal, pois teve dois casos positivos ao novo coronavírus no seu plantel.

Assim, vai averbar três derrotas por 3-0 neste primeiro torneio, o que beneficia as seleções de Portugal, Suécia e Ucrânia, todas já com uma vitória garantida.

«O primeiro jogo [na sexta-feira com a Ucrânia] é sempre o mais difícil», disse à agência Lusa João José, que se estreia no comando da seleção feminina, após ter sido adjunto de Hugo Silva na masculina, depois de uma carreira recheada de êxitos.

O antigo capitão de seleção nacional recordou que, por força das circunstâncias, só pôde contar com o todo o grupo de trabalho a uma semana do início da qualificação e o tempo curto de concentração não permitiu a realização de jogos de preparação.

«A ausência de encontros de preparação faz com que no início do primeiro jogo da qualificação possa surgir alguma dúvida que se tenha de dissipar rapidamente durante o primeiro set, se queremos atingir os nossos objetivos», referiu.

Para enfrentar a qualificação, João José conta com um grupo que alia «a maturidade e estabilidade das suas jogadoras mais experientes” à “energia e ambição das mais jovens».

«Estamos cientes do enorme desafio que temos pela frente, mas estamos confiantes no grupo e na sua capacidade de ultrapassar as situações difíceis, conforme os objetivos o exigem», referiu.

Os vencedores e segundos classificados dos seis grupos de qualificação apuram-se para a fase final do Europeu, a decorrer em agosto e setembro de 2021, numa organização conjunta da Sérvia, Bulgária, Croácia e Roménia.