Ainda só vamos no segundo mês do ano e já assistimos a momentos nunca antes vividos no ténis português.

João Sousa, por exemplo, continua em grande no circuito mundial e esta semana voltou a protagonizar mais uma situação inédita e especial: é o primeiro cabeça de série do ATP 250 de São Paulo, algo que nunca nenhum jogador luso tinha alcançado na história.

Aliás, o tenista de 29 anos quebrou um registo que já era seu. Em 2016 foi segundo cabeça de série em Bastad e nessa prova alcançou os quartos de final, tendo perdido, curiosamente, para o compatriota Gastão Elias.

Este torneio em São Paulo fica marcado pelo quadro pouco apelativo (João Sousa é o único tenista do top 40 presente), no entanto, acaba por ter alguns nomes interessantes como são os casos de Pablo Cuevas, tricampeão da prova, Felix Auger-Aliassime, prodígio canadiano que atingiu a final no Rio de Janeiro. e Laslo Djere, campeão no Rio Open.

A expectativa em conseguir realizar uma boa prova é alta. João Sousa vem de uns oitavos de final na última semana no ATP 500 do Rio de Janeiro.

Nesse encontro, a exibição não foi a melhor - o próprio admitiu isso mesmo - mas o bom trabalho que está a ser realizado está a dar os seus frutos e o facto de ser o primeiro pré-designado na competição aumenta, inevitavelmente, a esperança dos adeptos portugueses. 

E para ser possível chegar ao título esta semana, João Sousa vai ter que contar com as suas melhores armas: sobretudo terá que contar com o seu serviço. O primeiro saque tem mesmo sido um dos principais destaques neste início de temporada. Muito agressivo, o que lhe permite criar de imediato vantagem para o resto do ponto, especialmente com a sua direita. 

Esta semana atingiu o seu melhor ranking em mais de dois anos (é agora 38.º do ranking) e com uma boa prestação em São Paulo quem sabe se não vai conseguir subir ainda mais... e aproximar-se de uma reentrada nos trinta primeiros do mundo - o seu melhor ranking de sempre é o 28.º lugar. 

João Sousa disse na pré-temporada que não tinha nenhum objetivo estabelecido a nível de classificação e que o ranking ia ser uma consequência da qualidade das exibições e resultados.

Até ao momento, o vimaranense tem vindo a justificar as palavras através de ações.

Para se perceber o que Sousa tem feito nos últimos 12 meses vamos analisar os números: chegou aos oitavos de final do ATP 1000 de Miami, conquistou de forma inédita o Millennium Estoril Open, tornou-se no primeiro português a alcançar os oitavos de final num torneio do Grand Slam (no US Open, em singulares) e já este ano chegou às meias-finais de pares no Open da Austrália.

Estes são apenas alguns dos melhores feitos. 

No total já tem três títulos ATP no currículo e esta semana vai ter uma oportunidade de ouro para chegar, quem sabe, a um quarto título.

A estreia no Brasil Open vai decorrer na quinta-feira frente ao vencedor do encontro entre Thiago Monteiro e Casper Ruud, o seu carrasco na eliminação no Rio de Janeiro. 

Os olhos do público português, esses, vão estar virados em São Paulo.

(Artigo originalmente publicado às 23:54 de 26-02-2019)