Tomokazu Harimoto, 12 anos, mesatenista. A partir desta sexta-feira já não pode ser definido de outra forma com mais propriedade. Colocou-se entre os maiores. O jovem jogador japonês tornou-se o mais novo de sempre a entrar num quadro principal de uma prova do Circuito Mundial de ténis de mesa.

«Eu tinha 2 anos de idade quando comecei a jogar. Foi por causa dos meus pais. Eles eram jogadores de ténis de mesa. Eles inspiraram-me a jogar. Quando eu era pequenino punha-me numa cadeira e tentava jogar ténis de mesa, agora treino nove horas todos os dias. Estou muito feliz por ser o mais novo a ter atingido um quadro principal do Circuito Mundial ITTF.»

Foi com estas palavras que Tomokazu Harimoto respondeu à admiração generalizada que resultou da sua façanha. Não que o jovem japonês fosse totalmente desconhecido para a modalidade, mas também porque consumou factualmente as expetativas por ele já há alguns meses lançadas.

Harimoto ganhou o seu grupo de qualificação para a entrada no quadro principal do Open da Polonia, prova do Circuito Mundial da Federação Internacional de Ténis de Mesa (ITTF World Tour). O cadete japonês venceu não só o júnior de 17 anos Tomas Polansky (por 11-7, 11-7, 11-8 e 11-6) como, no último encontro do grupo bateu o croata Tan Ruiwu.

Se Polansky já está 10 lugares atrás de Harimoto no ranking mundial (absoluto), pois o japonês é o nº 286, Ruiwu é o atual 72º do mundo. O cadete japonês venceu o experiente mesatenista croata de 32 anos após uma batalha tremenda de sete partidas: 8-11, 16-14, 11-9, 11-9, 3-11, 13-15 e 11-9.



«Quando for júnior e depois sénior só quero jogar o meu melhor ténis de mesa. Ganhei aqui o meu grupo, estou contente porque ganhei contra o Tan Ruiwu», afirmou Harimoto analisando o seu desempenho: «Quando atacava corria tudo bem, mas tinha problemas quando tinha de defender. Tenho de melhorar o meu bloco, ainda não é perfeito.»

O batismo entre os maiores da modalidade também não podia ter sido maior. A estreia de Tomokazu Harimoto num quadro principal do Circuito Mundial ficou marcada para um encontro com Ma Long: o nº1 do mundo e campeão mundial e olímpico. O resultado foi o esperado. O mesatenista chinês ganhou 4-0 (11-5, 11-5, 11-3, 11-6).

O resultado foi o esperado – não era seguramente ganhar ao melhor do mundo o que se esperava que acontecesse. A presença do cadete japonês no Open da Polónia é que, mesmo sendo surpreendente, já vinha por ele a ser ameaçada como possível.

Vencedor há três semanas da prova do circuito mundial júnior da Formosa, Harimoto já tinha dado nas vistes frente aos grandes no início deste ano. Em fevereiro passado, o japonês, ainda com 11 anos, brilhou na Suécia a chegar à final o Open Safir. Nas meias-finais, o miúdo Harimoto afastou o jogador da casa Jens Lundqvist (na altura o nº71 do mundo), despois de, nos quartos de final, ter eliminado o egípcio Omar Assar (então, o 43ª do ranking), atual 35º do mundo.



Aos 12 anos, 3 meses e 10 dias, Tomokazu Harimoto é o mais recente caso de um jovem desportista que salta para a ribalta porque a sua praia passou a ser a dos mais velhos, a dos consagrados, a dos mais conhecidos da sua modalidade. É o último. Não foi, claro, o primeiro.

Há um ano e meio, Lucy Li foi notícia por razões semelhantes. Aos 11 anos de idade, tornou-se a mais jovem golfista de sempre a qualificar-se para o Open dos Estados Unidos. Desde os 10 anos que a californiana vinha dando nas vistas quando tinha feito o mesmo – qualificar-se – para o open equivalente entre os golfistas amadores.



Jennifer Capriati tornou-se tenista profissional ainda aos 13 anos de idade, no mesmo mês em que completou os 14 (março de 1990). Em outubro daquele ano ganhou o seu primeiro torneio no circuito WTA.

A tenista norte-americana tornou-se também a mais nova de sempre a jogar as meias-finais em Roland Garros, a mais nova cabeça de série de Wibledon, a mais nova a jogar os campeonatos de final de época para as mulheres sendo a «top tem» mais nova de sempres terminando aquele ano como nº8.

Há pouco mais de uma década, Freddy Adu fazia o mesmo no futebol. Aos 14 anos tornou-se o mais novo atleta a assinar um contrato profissional nos Estados Unidos. Fê-lo com o DC United e estreia pela equipa da capital três meses depois estabeleceu também o recorde de precocidade na Major League Soccer – passaram apenas mais duas semanas até se tornar o mais jovem de sempre a marcar um golo na MLS.



Freddy Adu deu seguimento à sensação que causou com a transferência para o futebol europeu. Mas o avançado não só nunca confirmou no Benfica as expectativas anunciadas, como a sua carreira foi decaindo a nível de destaque.

Jennifer Capriati acabou por vencer três Majors (Austrália em 2001 e 2002 e Roland Garros em 2001) numa altura em que foi a nº1 mundial cerca de uma década depois de ter ganho o ouro em Barcelona 1992.

Ser um prodígio tão precoce não é sinal de sucesso quando se atinge a maturação. Mas também dá boas perspetivas para que isso aconteça. Tomokazu Harimoto deixou essa promessa neste fim de semana.