A W52-FC Porto, que esteve envolvida num escândalo de doping que ditou a ausência da Volta a Portugal em 2022, é uma das nove equipas que mostrou intenção de constituir-se como equipa Continental UCI em 2023, anunciou esta terça-feira a Federação Portuguesa de Ciclismo.

Com todos os ciclistas com contrato em 2022 suspensos, à exceção de Amaro Antunes, vencedor da Volta a Portugal em 2017, 2020 e 2021, a estrutura da W52-FC Porto formalizou a intenção de seguir no pelotão, numa lista que inclui oito das nove equipas lusas que participaram na Volta este ano, com a Glassdrive-Q8-Anicolor, do vencedor Mauricio Moreira, à cabeça.

Completam a lista a ABTF Betão-Feirense, a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, a Efapel, a Kelly-Simoldes-UDO, a LA Alumínios-Credibom-Marcos Car, a Rádio Popular-Paredes-Boavista e a Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados. A ausência notada é a da Aviludo-Louletano-Loulé Concelho.

«A decisão quanto às equipas admitidas para a época 2023 será tomada em reunião de direção convocada para o efeito. A decisão será anunciada e comunicada aos clubes até ao dia 4 de outubro de 2022», pode ler-se no comunicado da FPC.

O escalão Continental é o terceiro sob a alçada da União Ciclista Internacional (UCI), acima das equipas de clube e rege-se por regras específicas que foram atualizadas em setembro, anunciou a FPC, com vista a endurecer a luta antidopagem.

Amaro Antunes, três vezes vencedor da Volta a Portugal (2021, 2020 e 2017), é o único ciclista da formação com contrato em 2022 que não está impedido de correr, depois de várias suspensões a título preventivo no âmbito da operação “Prova Limpa”, da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), afastando a equipa da edição deste ano que vinha a dominar na última década.

A 15 de julho, oito ciclistas e dois elementos da estrutura da W52-FC Porto foram suspensos preventivamente, enquanto decorria o Grande Prémio Douro Internacional, conquistado por José Neves, único representante da equipa e que continuou em prova.

Antes, no final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação “Prova Limpa”, a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

Em 15 de setembro, a FPC anunciou novas regras para o registo de formações Continentais, incluindo passaporte biológico para todos os ciclistas e detalhando que «nenhum membro da equipa técnica ou ciclista poderá ter licença desportiva (...) se for arguido em processo-crime por violação de normas antidopagem ou se tiver sido condenado disciplinarmente por violação» dessas mesmas normas. As candidaturas terão de incluir «um dossiê com o histórico de casos de violação das normas antidopagem por elementos da equipa nas últimas dez épocas desportivas».

A inibição de licença desportiva por alguém ligado à formação ser constituído arguido ou ter sido condenado «cessa caso se verifiquem cumulativamente» vários fatores: uma condenação apenas uma vez pelas referidas violações de regras antidoping, ter sido uma sanção de menos de dois anos de suspensão e terem passado cinco anos entre esta violação e a data de início de atividade, no caso 1 de janeiro de 2023.

Além das novas regras, também é exigido «um esforço financeiro acrescido»: uma taxa de 500 euros por ciclista de elite no plantel pago pelas equipas, com a FPC a assumir as custas com corredores sub-23, e uma atualização dos salários mínimos anuais para corredores inscritos.