Minuto 67 do Sporting-Moreirense. A redenção de Adrien

Em vésperas de fecho de mercado soou o alarme em Alvalade. Não pela saída de João Mário para o Inter, oficializada dois dias antes, nem pela partida pré-anunciada de Islam Slimani para o Leicester. Adrien, produto made in Alcochete, capitão e um das principais peças na engrenagem da equipa de Jorge Jesus, deu uma entrevista que abanou o universo leonino. Em declarações a «O Jogo», o médio manifestava a vontade de agarrar aquilo que disse ser uma «oportunidade excecional» no Leicester.

O capitão esticava a corda e parecia entrar numa espécie de braço de ferro com a direção do Sporting, que reagiu num comunicado onde apontou o dedo a quem rodeava o jogador. Foi só o início de uma troca de acusações de parte a parte, com o pai e o empresário de Adrien a acusarem Bruno de Carvalho de não cumprir um acordo de cavalheiros, de não colocar obstáculos à carreira do capitão, caso lhe surgisse um desafio aliciante.

Numa operação que deixou meio mundo incrédulo, o Sporting recuperou Elias, outrora considerado um flop. Jogador do agrado de Jorge Jesus, dizia-se que era ele o substituto de Adrien.

Mas Adrien ficou e disse que voltaria ao Sporting (de onde nunca saiu, diga-se) com o mesmo compromisso, ambição e dedicação.

E o primeiro jogo após a crise tratou-se de mostrar que, aparentemente, o velho Adrien mantém intacto e intocável. Intacto porque realizou uma exibição segura na receção ao Moreirense e porque Jesus não abdicou dele: foi titular e manteve a braçadeira.

Para os mais de 44 mil espectadores que assistiram ao jogo em Alvalade, também parece que o episódio antes do fecho do mercado é já uma página rasgada. Aos 67 minutos, o capitão saiu debaixo de uma enorme ovação. «Bola para a frente», disse-lhe o universo leonino. Ciente da carga simbólica do momento, Adrien retribuiu os aplausos.