O ano de 2017 fica marcado por várias conquistas lusas no futebol europeu. De Cristiano Ronaldo a José Mourinho, sem esquecer os feitos de Leonardo Jardim ao serviço do Mónaco. 2017 tem muito para contar, mas estes são os dez momentos do ano no panorama internacional:

Ataque ao autocarro

11 de abril. A equipa do Borussia Dortmund seguia para o estádio, onde ia receber o Mónaco, quando o autocarro foi atingido por três explosões. O ataque provocou ferimentos num polícia e também no jogador espanhol Marc Bartra, que teve mesmo de ser operado ao pulso direito por ter sido atingido por estilhaços dos vidros.

O jogo, referente à primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, foi adiado para o dia seguinte, sob protesto do Borussia Dortmund, que entendia que a equipa estava ainda em choque com o sucedido. Este adiamento teve um lado positivo, porém, com vários adeptos germânicos, incentivados pelo seu clube, a oferecer alojamento aos adeptos do Mónaco que não estavam a contar permanecer mais tempo em Dortmund.

A autoria do ataque foi atribuída a um cidadão com nacionalidade alemã e russa, de 28 anos, que será julgado por 28 tentativas de homicídio (o número de passageiros do autocarro). De acordo com a Procuradoria Federal, o autor do ataque pretendia lucrar cerca de quatro milhões de euros com uma quebra acentuada do valor das ações do Borussia Dortmund.

Premier League voltou a ser «azzurra»

12 de maio. Um golo de Michy Basthuayi, ao minuto 82, garantiu a vitória do Chelsea no reduto do West Bromwich Albion. Com duas jornadas ainda por disputar, a equipa de Antonio Conte garantia a conquista da Premier League. Depois do inédito título do Leicester, com Claudio Ranieri, nova conquista de um técnico italiano a comandar uma equipa «azzurra».

O Chelsea até teve um início errante, com três jogos consecutivos sem vencer, incluindo derrotas com Liverpool e Arsenal, mas Conte decidiu então apostar num esquema de três centrais e embalou para um ciclo de treze vitórias consecutivas.

Os «blues» acabaram por garantir o sexto título do seu historial, com sete pontos de vantagem sobre o Tottenham. O Manchester United, de José Mourinho, terminou na sexta posição, e o Hull City, que em janeiro contratou Marco Silva para tentar evitar a despromoção, acabou mesmo relegado para o «Championship».

Jardim dos campeões

17 de maio. Do oficiosamente ao oficial. Três dias antes o Mónaco goleou o Lille e meteu o champanhe no gelo. Ficou com três pontos de vantagem sobre o Paris Saint-Germain e dois jogos por disputar, para apenas um da equipa da capital, que ainda tinha um saldo desfavorável de 17 golos no primeiro critério de desempate.

Mas faltava o carimbo oficial, colocado então a 17 de maio, com uma vitória sobre o Saint-Étienne (2-0). A equipa de Leonardo Jardim quebrou o domínio do Paris Saint-Germain, que tinha chegado ao «tetra», e conquistou um título que não ficava no principado desde 2000.

Um feito notável para o técnico português, dada a diferença de argumentos para a equipa da capital francesa, ainda para mais complementada com a presença nas meias-finais da Liga dos Campeões.

Uma campanha de luxo, com Moutinho a dar a fiabilidade habitual e Bernardo Silva em plena afirmação para uma transferência para o Manchester City. Sem esquecer a afirmação meteórica de Mbappé, figura da temporada, recrutado pelo PSG por um negócio na ordem dos 180 milhões de euros.

A «vecchia signora» ainda bate recordes

21 de maio. Neste dia a Juventus venceu o Crotone por 3-0 e garantiu o «scudetto», a uma jornada do fim. Até aqui nada de particularmente extraordinário, tendo em conta a forma como a vecchia signora tem dominado o calcio, mas este é o primeiro «hexa» da história do futebol italiano.

Para além do 33º título do seu palmarés, assegurado com quatro pontos de avanço sobre a Roma, a equipa de Massimo Allegri venceu ainda a Taça de Itália e disputou a final da Liga dos Campeões, perdida para o Real Madrid, depois de ter eliminado o FC Porto nos oitavos de final.

Mourinho não perdoa nas finais

24 de maio. Em Solna (Estocolmo), numa final enlutada pelos atentado de Manchester, que dois dias antes tinha provocado 23 mortes, o Manchester United bateu o Ajax por 2-0, com golos de Pogba e Mkhitaryan, e conquistou a Liga Europa. Uma estreia para o gigante inglês, que assim se juntou a Juventus, Bayern, Chelsea e ao próprio Ajax no restrito lote de equipas que venceram as três principais competições europeias de clubes (Taça dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões, Taça UEFA/Liga Europa e a extinta Taça dos Vendedores das Taças).

Foi o 25º título da carreira de José Mourinho (depois da Taça da Liga, em fevereiro), técnico que raramente perdoa em finais. Venceu 12 das 14 disputadas (perdeu duas no prolongamento), e ergueu a taça nas quatro finais europeias que disputou. O técnico português igualou Bob Paisley e Alex Ferguson em conquistas continentais, superados apenas por Giovanni Trapattoni (5).

Ronaldo e «La Duodécima»

3 de junho. No Millennium Stadium, em Cardiff (País de Gales), o Real Madrid goleou a Juventus por 4-1 e sagrou-se campeão europeu pela 12ª vez. Foi o segundo título consecutivo para a formação «merengue», algo nunca visto desde que a Taça dos Campeões Europeus tornou-se Liga dos Campeões, e a Juventus alimentou a maldição, com a sétima derrota em nove finais da principal prova europeia de clubes.

Cristiano Ronaldo foi a figura do encontro, ao apontar dois golos, e com um total de doze tentos foi o melhor marcador da prova pelo quinto ano consecutivo. Isto apesar de ter festejado apenas duas vezes antes dos quartos de final.

Mas não é tudo: Ronaldo tornou-se o primeiro jogador a marcar em três finais da Taça dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões e chegou à marca dos 600 golos na carreira.

...E no fim ganha a Alemanha (mesmo que seja a B)

2 de julho. No Estádio Krestovsky, de São Petersburgo, a Alemanha bateu o Chile por 1-0 e estreou-se a ganhar a Taça das Confederações. Um golo de Lars Stindil decidiu aquela que pode ter sido a última edição da prova, sob análise da FIFA.

Joachim Löw decidiu testar novas soluções neste ensaio-geral para o Mundial da Rússia, e o triunfo do «Lado B» lembrou ao mundo do futebol o poder germânico, com jogadores como Julian Draxler, Leon Goretzka e Timo Werner também em evidência.

Campeão da Europa, Portugal ficou em terceiro lugar. Eliminada pelo Chile nas meias-finais, através de penáltis, a equipa das quinas venceu depois o México no jogo de atribuição do último lugar do pódio.

«No se queda»

3 de agosto. Em Barcelona ninguém parecia acreditar na saída de Neymar. O presidente do Barça disse que era impossível levá-lo sem quebrar o fair play financeiro, e Gerard Piqué até anunciou nas redes sociais que o brasileiro ficava.

Por esses dias já a cabeça de Neymar andava longe de Camp Nou, a ponto de se ter desentendido com o recém-chegado Nelson Semedo no treino de 28 de julho.

Cinco dias depois o Barcelona confirma que Neymar manifestou a intenção de deixar o clube para rumar ao Paris Saint-Germain. O brasileiro faz uma «viagem-relâmpago» ao Porto para realizar os exames médicos.

A Liga espanhola ameaçou inviabilizar o negócio, a UEFA garantiu que ia controlar o fair play financeiro, mas a 3 de agosto foi consumada a transferência mais alta da história do futebol: 222 milhões de euros.

«Arrivederci, Russia!»

14 de novembro. Segunda classificada no Grupo G da zona europeia de qualificação para o Mundial2018, atrás da Espanha, a Itália viu-se remetida para o «playoff» de apuramento, com a Suécia. Depois de uma derrota em Solna (Estocolmo), por um a zero, a «squadra azzurra» não foi além de um nulo em Milão, e perdeu o bilhete para a Rússia.

Curiosamente, a seleção italiana só tinha falhado o Campeonato do Mundo de 1958, disputado precisamente na Suécia.

A eliminação «azzurra» ganhou uma carga acrescida com as lágrimas de «Gigi» Buffon, a pedir desculpa pelo fracasso coletivo e a deixar a baliza italiana para Donnarumma e Perín. Mais recentemente, porém, o guarda-redes da Juventus admitiu continuar.

Quem saiu mesmo foi o selecionador, Gian Pero Ventura, que ainda alegou publicamente que tinha um dos melhores registos dos últimos quarenta anos, mas acabou despedido. Não caiu sozinho, porém, já que o presidente da federação, Carlo Tavecchio, renunciou depois ao cargo.

Ciiiii…..nco!

7 de dezembro. Ao longe, a Torre Eiffel, a cintilar na noite parisiense. A imagem aproxima-se do monumento, onde se começa a vislumbrar um vulto, de costas. De repente vira-se. É Cristiano Ronaldo. Na mão direita segura a Bola de Ouro, e a mão esquerda aparece bem aberta, a exibir todos os dedos. Pela quinta vez o troféu é dele.

O galardão francês representa aqui mais um ano de ouro para Cristiano Ronaldo, que fez a «dobradinha» com o prémio «The Best», entregue pela FIFA a 23 de outubro. Troféus individuais que complementam os títulos coletivos que o português acumula sem parar: em 2017 venceu a Liga dos Campeões (pela quarta vez), o Mundial de clubes (outras tantas veze), foi campeão espanhol (pela segunda vez) e venceu a Supertaça de Espanha e a Europeia.

Um ano em cheio também a nível familiar, com o nascimento de mais três filhos. E Ronaldo promete não ficar por aqui. «Quero sete Bolas de Ouro e sete filhos», disse recentemente. Alguém se atreve a dizer que não é possível?