Um telefonema no final de agosto mudou a vida de Gil Dias. Aos 17 anos, deixou o Sp. Braga como campeão nacional de juniores e rumou ao milionário AS Mónaco. O esquerdino treina com o plantel principal do clube monegasco e vai ser inscrito neste mês de janeiro.

Sp. Braga: Mónaco pagou pela preferência sobre seis jovens
 
Gil está no Principado há alguns meses mas continua a ser um rosto desconhecido para os adeptos. Os novos companheiros de equipa, por seu turno, deixaram-se convencer pelo tremendo potencial do jovem, após a estranheza inicial.
 
«Nunca tinha ido ao Mónaco e não imaginava que isso fosse um dia acontecer. Mesmo ao entrar no balneário, vendo aqueles jogadores com grande reputação, lembro-me de pensar o que estava ali a fazer, e vi neles a mesma expressão: ‘quem é este miúdo e o que faz aqui’?»
 


O internacional sub-19 por Portugal procurava superar a ansiedade provocada pelo salto de gigante. «Quando me ligaram a dizer que ia para o Mónaco, nem acreditei. Passei um bocado mal, sinceramente. Não dormi nada, tive dores de barriga, fiquei assim durante uns dias, mesmo quando lá cheguei.»
 
Recebeu o telefonema numa tarde de agosto e aterrou no Mónaco no dia seguinte. Estava em Taboeira, tratou da viagem, foi a Braga de manhã para recolher os seus pertences e viajou para o Principado em menos de 24 horas. Uma tremenda dose de emoções para um adolescente.
 
«Quando cheguei estava a realizar-se o sorteio da Liga dos Campeões no Mónaco e eram os últimos dias do mercado de transferências, onde se tratou a ida do Falcao para o Manchester United. Foram dias confusos naquela nova realidade», confessa, em entrevista ao Maisfutebol.
 
Sendo menor de idade – celebrou o 18º aniversário em setembro -, Gil Dias não podia ser inscrito de imediato pelo Mónaco. Após ponderação, foi decidida a sua continuidade para se adaptar progressivamente ao Principado e ao seu novo clube. Para trás ficava o Sp. Braga e dois jogos pela equipa B dos arsenalistas na Liga de Honra.
 
 

Gil viajou para o Mónaco na companhia do avô. Começou por viver num hotel, mudou-se para um apartamento facultado pelo clube e avançou entretanto para o aluguer de um espaço próprio.
 
Enquanto os companheiros de equipa chegam ao centro de treinos em carros luxuosos, o jovem da Gafanha da Nazaré depende de uma carrinha do clube. No regresso, conta com as boleias de outros jogadores, como Bernardo Silva.
 
«Estou a tirar a carta e já fiz o código. Gostava de ter a carta para avançar para um carro e começar a ter alguma independência. Cozinhar? Isso também vou ter de aprender, mas para já conto com o meu avô, que tem sido um grande apoio nesse aspeto e não só. Seria mais difícil para mim chegar a casa e não ter lá ninguém.»
 
Bernardo Silva, Ricardo Carvalho e João Moutinho, para além dos brasileiros Wallace (cedido pelo Sp. Braga) e Fabinho, têm sido importantes para a integração de Gil Dias. O jovem foi conhecendo a sua nova realidade, ainda como um rosto desconhecido no Principado.
 
«É verdade que ainda ninguém me conhece realmente aqui e isso só vai mudar quando jogar. Quando cheguei estive a treinar com a equipa B, depois passei para o plantel principal e assim vou continuar, mesmo que comece por jogar na B. Já mostrei alguma coisa nos treinos, mas é diferente», reconhece.
 
 

Gil Dias iniciou a temporada no Sp. Braga B, fez dois jogos em agosto e compensou a falta de competição no AS Mónaco com a presença na seleção sub-19 de Portugal. Quando pisa o relvado, esquece as saudades de casa e da família.
 
«Já no Sp. Braga me custava a distância, quanto mais agora, mas dentro de campo esqueço-me de tudo, não ligo à pressão nem a nada do exterior. A minha felicidade é ter uma bola nos pés e poder jogar.»
 
Isso acontecerá a partir de janeiro de 2015. Sem pressas mas com o desejo de jogar sob o comando de Leonardo Jardim a curto ou médio prazo. O Mónaco B é uma etapa necessária para atingir a meta. Nada que comprometa a ascensão meteórica de Gil Dias, com uma família cheia de orgulho.
 
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