Fábio Abeu era um dos jogadores em melhor forma em Portugal quando as competições foram interrompidas devido à pandemia de Covid-19.

O avançado do Moreirense marcava há seis jogos sem parar, algo que nenhum outro jogador – nem mesmo Carlos Vinícius, o melhor marcador – conseguiu esta época na Liga.

«Foi difícil parar, porque eu já estava com o pensamento no próximo golo. Mas continuo com a mesma confiança e estou a trabalhar para dar continuidade ao trabalho que vinha a fazer quando voltarmos», disse o avançado angolano numa videoconferência com jornalistas.

Fábio Abreu acredita que, apesar do afastamento das balizas provocado pelo confinamento, a chama goleadora continua acesa. Mas como se afina a pontaria agora? «Por sorte, tenho aqui um Chihuahua que tem duas bolas e eu vou rematando às vezes para a janela», disse sorridente.

Aos 27 anos, o avançado da equipa minhota atravessa o melhor período da carreira e tem superado as expetativas na primeira época «a sério» no principal escalão do futebol português, depois de duas temporadas a maturar no Penafiel, do segundo escalão. «Nestes últimos três anos tenho vindo a progredir ano após ano. O momento? Era algo que não esperava: marcar seis golos em seis jogos não é fácil, mas tenho tido a ajuda dos meus colegas. A equipa tem feito um trabalho espetacular e isso ajuda», vincou.

Dos 12 golos apontados por Fábio Abreu esta época, dez foram no campeonato e, desses, dois diante de candidatos ao título: frente ao FC Porto em Moreira de Cónegos e na Luz contra o Benfica. «Entre esses golos, o meu preferido foi o contra o Benfica, porque foi na Luz. Não é todos os dias que um jogador faz golos na Luz. Desde crianças que vemos os jogos do Benfica, do FC Porto e do Sporting e depois marcar nesses estádios é algo fantástico», confessou.

Até 2019/20, Fábio Abreu não tinha mais de oito jogos na Liga, todos no Marítimo e na condição de suplente utilizado. Chegou tarde uma oportunidade entre os grandes do futebol português? O avançado reconhece estar hoje melhor preparado, mas lembra a concorrência que teve nos anos em que esteve ligado ao emblema insular.

«Agora estou um jogador diferente, mais maduro. Na altura em que estava no Marítimo não tinha algumas características que tenho agora. Corria muito à toa, como se costuma dizer. Agora controlo isso melhor. Acho que não estava muito bem preparado, mas também nunca tive uma oportunidade grande para jogar a titular. Os avançados também nunca me deixaram jogar. Baba, Derley, Marega, Dyego Sousa… Foi complicado, mas aprendi muito com esses avançados e agora sinto que chegou a minha altura.»

Agora, Fábio Abreu só pensa em voltar a marcar golos e em continuar a deixar marca nos relvados nacionais. Até porque isso poderá valer-lhe mais chamadas à seleção de Angola – pela qual ambiciona conquistar um título – e uma janela aberta Inglaterra, onde passou parte da infância e país que não esquece. «Um dos meus objetivos quando saí de Inglaterra sempre foi regressar. Mas agora estou aqui a fazer os meus jogos e os meus golos. (…) O futuro a Deus pertence.»