Ricardo Sá Pinto defendeu hoje que uma eventual descida do Moreirense ao escalão secundário «seria uma grande injustiça», salientando que «a sorte não pode ser tão madrasta».

«Não merecemos muitos dos resultados que tivemos. A equipa tem sido extraordinária ao continuar a acreditar e trabalhar ante contrariedades e adversidades constantes. Estes atletas são à minha imagem. Até ao lavar dos cestos é vindima e vamos trabalhar neste jogo para termos mais dois para disputar», frisou o técnico na conferência de imprensa de antevisão da receção ao Vizela, da 34.ª jornada e última da Liga.

Goradas as possibilidades de permanência direta, os minhotos já não dependem de si mesmos para chegarem ao 16.º e antepenúltimo lugar, de acesso ao «play-off», partindo para a derradeira jornada em 17.º, com 26 pontos, a um ponto do 16.º e quatro abaixo da zona de salvação.

«Só uma grande equipa, com uma mentalidade muito forte e grande espírito vencedor, é que tem sabido conviver, semana após semana, com situações imerecidas e injustas e chega ao último jogo com hipóteses de se manter na elite. Pela minha experiência, isso não era possível numa equipa normal. Queremos alcançar o ‘play-off’, mas isso vai ser apenas um passo, porque depois teremos uma caminhada com dois jogos», observou.

Para poder disputar essa eliminatória a duas mãos com o terceiro colocado da II Liga, o Moreirense está proibido de perder com o Vizela e tem de esperar que o Tondela, 16.º e antepenúltimo, com 27 pontos não vença em casa o Boavista.

Em caso de empate, os vimaranenses, que vêm de três derrotas consecutivas, só irão aceder ao ‘play-off’ se o Tondela perder e o lanterna-vermelha Belenenses SAD, com 25 pontos, não ganhar em Arouca, num trio de jogos com pontapé de saída em simultâneo.

«Foi mais uma grande semana desta equipa, que está muito crente e preparada física e mentalmente. Conto que estejamos todos sorridentes e felizes no final. O nosso público tem sido extraordinário. Esteja aqui um, dois e três anos ou termine a ligação ao clube, nunca me vou esquecer do carinho e apoio dos adeptos e sócios e da vila, que nos têm acompanhado numa altura difícil. É por eles que vamos ganhar este desafio», afiançou.

Ricardo Sá Pinto completa uma volta no comando do Moreirense e antecipa um «grande dérbi» com o Vizela, que já assegurou uma inédita permanência e «jogará sem pressão, descontraído e para ganhar».

«Estamos pressionados, mas temos sabido viver com isso. Espero que possamos ser felizes como no jogo da primeira volta [vitória por 1-0, à 17.ª ronda], fazendo o mesmo resultado e exibição. Estamos à procura da felicidade e esta tem de chegar. A sorte não pode ser tão madrasta. Somos uma equipa de primeira e não de segunda», desabafou.

Privado do brasileiro André Luís, por castigo, o treinador já pode contar com Paulinho, de regresso após suspensão, para tentar evitar a queda dos ‘cónegos’ na II Liga oito anos depois, sendo ainda incertas as recuperações em tempo útil do neerlandês Godfried Frimpong, lesionado na derrota frente ao Estoril Praia (1-0), e do belga Kevin Mirallas.

«Tem sido o desafio mais difícil da minha carreira, apesar de termos todas as condições para trabalhar. Agora, o nosso campeonato é muito competitivo. Há oito ou nove equipas nesta luta e [a descida] pode calhar a qualquer uma. É uma questão de detalhe. A nossa época resume-se a estes detalhes, que maioritariamente não nos têm sido favoráveis e nos têm penalizado muito. Já temos a nossa dose, mas estamos muito vivos», finalizou.

O Moreirense, 17.º, com 26 pontos, defronta o Vizela, 14.º, com 33, no sábado, às 15:30, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos, com arbitragem de Nuno Almeida (AF Algarve).