Dobrada a primeira metade da Liga, o Maisfutebol foi tentar perceber quem foram os jogadores que mais contribuíram para os desempenhos das respetivas equipas. São homens da confiança dos treinadores, que disputaram todos os minutos, sem interrupções impostas por lesões ou impedimentos disciplinares.

Disputadas vinte jornadas, a lista dos intocáveis com 1.800 minutos acumulados tem apenas sete nomes. Entre eles saltam à vista cinco guarda-redes, o que não é, de todo, surpresa, devido à especificidade do posto. Fazendo uma análise às últimas cinco edições da Liga, verifica-se que a presença dos donos das balizas na lista de totalistas está completamente dentro do padrão. Seguem-se-lhes, nos habituais contemplados, os defesas.

Menos frequente é a introdução de homens do meio campo para a frente. Aliás, desde 2009/2010, apenas dois jogadores conseguiram esse feito: André Santos pelo Leiria (2009/2010) e Ricky van Wolfswinkel pelo Sporting (2012/2013).

A especificidade dos guarda-redes

O guarda-redes é o único dos jogadores de campo que tem todo o jogo à sua frente, por isso é fundamental que saiba interpretar o jogo para, depois, tomar as melhores decisões. Alguns são mesmo frequentadores assíduos desta lista, casos de Rui Patrício (Sporting) e Adriano Facchini (Gil Vicente). Os dois foram, juntamente com Ricardo, agora no FC Porto, os únicos jogadores que cumpriram todos os minutos de todos os jogos da época transata.

Juntam-se a eles os estreantes Goicoechea (Arouca) e Rafael Defendi (Paços Ferreira), jogadores que agarraram o lugar com as duas mãos, apesar dos poucos meses que levam na I Liga Portuguesa. Fecha o lote dos guarda-redes totalistas o português Marafona, que, depois de várias épocas sem conseguir chegar a titular indiscutível no Marítimo, encontrou a felicidade em Moreira de Cónegos fechando a baliza da formação orientada por Miguel Leal.

Frederico Venâncio e Danielson são os sobreviventes sem luvas

Os únicos intrusos nesta lista têm como missão formar a última cortina à frente dos guarda-redes. São defesas centrais, têm de lidar com alguns dos mais virtuosos jogadores do campeonato e, por isso, estão mais expostos aos cartões.

Apesar de ocuparem a mesma posição no terreno, há um mar que separa Frederico Venâncio (Vitória Setúbal) de Danielson (Moreirense). O brasileiro, natural de São Paulo, tem mais doze anos do que o sadino, uma vasta experiência em clubes de boa dimensão, como Rio Ave, Paços Ferreira, Nacional e Gil Vicente, e até apresenta uma Supertaça do Chipre no currículo, conquistada ao serviço do Omonia.

Venâncio, por seu lado, tem o futebol a correr-lhe nas veias. Filho de um antigo jogador do Sporting, Frederico subiu a pulso no Vitória e fixou-se como titular com José Couceiro ao leme do clube de Setúbal na última temporada. Daí para cá soma minutos atrás de minutos e assume-se como um dos esteios da equipa, apesar do Cartão do Cidadão acusar apenas 22 anos.

Venâncio: «Gostaria de chegar ao final do campeonato com todos os minutos disputados»

«O segredo para escapar aos cartões é a preparação antes do jogo, a análise que se faz a cada jogador que se vai defrontar. Todos são diferentes e, por isso, temos de estar atentos às indicações transmitidas pelo treinador. Quando se chega a dentro do campo, a concentração tem de estar sempre no máximo de forma a ler o jogo da maneira mais correta possível», confessou o jovem internacional sub-21 português.



Na defensiva do Vitória, curiosamente, a experiência está nas laterais, com o capitão Pedro Queirós e Hélder Cabral a conferirem quilometragem ao último reduto sadino. Frederico acredita que o apoio dos mais experientes tem sido fundamental e minimiza o fato ambos jogadores sobre as faixas. «Eles são muito importantes porque têm muita experiência e dão-nos dicas sobre como abordar os lances ou como lidar com determinado jogador. Todo o setor está unido na hora de defender e isso dá-nos confiança», sublinhou.

O defesa, que também passou pela formação do Benfica, mostra-se orgulhoso por ser um dos totalistas da Liga, mas se for necessário sacrificar-se pela equipa não hesita. Antes do individual está sempre o coletivo. «Claro que gostaria de chegar ao final do campeonato com todos os minutos disputados. Significaria que fiz bem o meu trabalho e mereci a confiança do treinador. No entanto, se houver alguma situação em que tenha de cometer uma falta para evitar um golo, não tenho dúvidas. O bem da equipa está sempre primeiro», rematou. 

Danielson: «Aprendi a jogar de pé e a não fazer carrinhos»

Danielson já tem mais experiência neste campo e não é a primeira vez que está entre os jogadores mais utilizados da Liga. «Nos últimos anos, felizmente, tenho sido dos jogadores mais utilizados. Tenho estado entre os cinco jogadores que somam mais minutos na equipa. Numa das épocas em que estive no Nacional fui, inclusive, um dos únicos que completei os trinta jogos do campeonato», recordou.

O segredo está na forma como o defesa estuda os adversários e, sobretudo, na forma como aborda os lances. «A forma como jogo, até porque já tenho idade e experiência, ajuda a manter esta regularidade, porque aprendi a posicionar-me. Aprendi a jogar de pé. A maioria dos defesas apanha cartão amarelo quando entra de carrinho, por isso tento sempre jogar de pé e evitar o carrinhos para não ser sancionado», conta.


 
Além de evitar as sanções disciplinares, o defesa brasileiro também cuida da forma física. «A este nível profissional, os cuidados e o profissionalismo começa dentro de casa. Tenho uma alimentação com regras, a minha esposa evita muito as gorduras e isso faz com que seja um jogador leve. Sendo um jogador sem muito peso também se evita as lesões», prosseguiu.

Tal como Venâncio, Danielson também distribui o mérito da sua regularidade pelos companheiros de equipa. «A regularidades também se deve aos companheiros de setor, que nos completam dentro do campo. Quando se tem jogadores experientes ao nosso lado, como são os casos do Marcelo Oliveira e do Anílton, é mais fácil ocupar os espaços e jogar bem posicionados», destacou ainda.

Confira aqui a lista dos jogadores com mais minutos na Liga