Ferenc Puskas morreu esta madrugada em Budapeste. O mítico ex-futebolista tinha 79 anos e o seu nome ficará gravado na galeria dos maiores de sempre.
Nascido em Abril de 1927, Puskas foi o rosto e o capitão da selecção da Hungria que dominou o Mundo no início dos anos 50: foi campeã olímpica em 1952, tornou-se na primeira formação estrangeira a ganhar à Inglaterra em Wembley (goleada por 6-3 refinada depois com uma vitória por 7-1 em Budapeste) e maravilhou o planeta no Mundial de 1954. Aquela que é até hoje recordada como uma das melhores equipas da história acabou por perder a final frente à Alemanha, com Puskas debilitado por uma lesão sofrida já durante o torneio, precisamente noutro jogo frente à Alemanha.
Puskas não parecia um predestinado: era baixo, rechonchudo e só tinha pé esquerdo. Mas era um sobredotado. O seu talento cresceu na equipa do Honved, o clube do exército. Por inerência Puskas também era militar e vem daí uma das suas alcunhas: «Major Galopante». Em 1956, depois das convulsões políticas no seu país depois da tentativa de reacção ao domínio soviético, Puskas e vários outros membros da grande selecção húngara deixaram o país. Uma vida onde cabem muitas vidas, que espelha também o Mundo e a sua evolução ao longo do século XX.
Chegou a estar suspenso dois anos pela FIFA, mas renasceu em Espanha. Aos 32 anos ainda foi a tempo de se tornar um dos responsáveis por fazer do Real Madrid um dos grandes clubes do Mundo. Ao lado de Di Stefano, conquistou seis ligas espanholas e três Taças dos Campeões Europeus, embora só numa dessas finais tenha jogado. Tem ainda duas finais perdidas da maior competição europeia de clubes.
Os quatro golos que marcou na final da Taça dos Campeões Europeus de 1960, frente ao Eintracht Frankfurt, num jogo que o Real venceu por 7-3, fazem parte da lenda. Tal como a final de 1962, frente ao Benfica. Eusébio e companhia levaram a Taça na vitória do Benfica por 5-3, Puskas marcou todos os golos do Real Madrid.
Naturalizou-se espanhol e ainda representou a sua nova selecção no Mundial 1962. Retirou-se em 1967 e tornou-se treinador, tendo tido como ponto alto nesta nova carreira a presença na final da Taça dos Campeões em 1971, com o Panathinaikos.
Em Outubro de 1995, a Federação Internacional de História e Estatísticas elegeu-o como o maior goleador do século. O mago do pé esquerdo marcou 1176 golos em 1300 jogos.