George Best morreu esta sexta-feira. Ao fim de uma agonia, cujo último capítulo durou praticamente dois meses, um dos maiores e mais rebeldes talentos do futebol mundial despediu-se da maneira mais sombria e previsível: numa cama do hospital, derrubado pelo alcoolismo. Caiu, aos 59 anos, um vulto do futebol europeu e mundial, que teve tanto de genial com uma bola nos pés como de controverso na sua vida extra-futebol.
Best foi internado a 1 de Outubro no Cromwell Hospital, em Londres, devido a problemas respiratórios, e a sua situação agravou-se no início de Novembro, devido a uma infecção nos rins. O ex-jogador sucumbiu lentamente ao peso de vários anos com problemas de dependência do álcool, que o fizeram recorrer a um transplante de fígado no Verão de 2002. Apesar da degradação extrema do seu organismo, Best nunca se libertou por completo da doença que viria a tirar-lhe a vida.
No relvado era um monstro, a primeira mítica camisola 7 do Manchester United, usada depois por Robson, Cantona, Beckham ou Cristiano Ronaldo. Nascido em Belfast (Irlanda do Norte), a 22 de Maio de 1946, cedo descobriu o talento para o futebol e conquistou adeptos por todo o lado ao serviço dos «red devils», e seria esse o seu único clube de topo ao longo da atribulada carreira. Foi, mais até do que o imortal Garrincha, o exemplo máximo do jovem jogador de futebol deslumbrado por chegar precocemente ao topo do Mundo, perdendo-se nas encruzilhadas da fama por conta dos suspeitos habituais: drogas, noitadas e álcool.
Por cima dessa imagem de prisioneiro da fama e de um estilo de vida típico dos «swinging sixties», aquele a quem chamaram «o quinto Beatle» vai deixar a memória de um extremo genial. E é indiscutível que, mesmo com o peso de uma figura como Bobby Charlton a seu lado, foi George Best quem guindou o Manchester United para um inesquecível ciclo de sucesso no final dos anos 60.
Nesse período conquistou o título de melhor jogador do Velho Continente (1968). Conquistou uma Taça dos Campeões Europeus (1967/68), marcando um golo e sendo o protagonista máximo da vitória sobre o Benfica, em Wembley (4-1 após prolongamento), na final. Para além dessa noite, que marcou a primeira vitória inglesa na Taça dos Campeões, o talento de Best empurrou os «red devils» para a conquista de duas ligas inglesas (1964/65 e 1965/66) e uma Taça de Inglaterra (1963), esta com apenas 17 anos.
Em fase descendente, abandonou o Manchester em 1975 e andou à deriva por clubes como o Fulham, o Stockport e o Bournemouth (Inglaterra), o Hibernian (Escócia), o Los Angeles Galaxy, o Fort Lauderdale Strikers e o San José Earthquakes (Estados Unidos), onde tentou mostrar todo o seu imenso potencial, corrompido lentamente ao longo dos tempos.