Pit Beirer, diretor da KTM, manifestou-se «triste» com a anunciada saída de Miguel Oliveira da equipa na próxima época, no mesmo comunicado em que confirmou a contratação do australiano Jack Miller. 

Em declarações ao portal Motorsport, o responsável pela marca austríaca explicou que podia ter «obrigado» Miguel Oliveira a ficar, mas preferiu respeitar a boa relação que mantém com o piloto português.

«Claro que o meu trabalho é negociar com os melhores do paddock que vão ficar livres na próxima época. É stressante, porque quase parece que estás a trair. Quando vês um piloto a falar com outro chefe de equipa, ficas com inveja. Se ele te vê a falar com outro piloto, então acontece uma quebra de confiança. Não é bom, porque não queremos colocar em causa aquilo que conquistámos juntos. Para manter as coisas calmas na equipa, o melhor é manter os pilotos que tens. Nesse caso podes ter tudo sob controlo e trabalhar de olho no futuro», começa por referir Beirer.

A KTM acabou por contratar Jack Miller, mas Beirer garante que tentou falar com Miguel Oliveira antes da contratação ficar consumada. «Antes de Mugello tentei falar com o Miguel, para lhe dizer que essas conversas [com Jack Miller] estavam a acontecer. Quis ser justo. O Miguel é meu amigo e da equipa. Deve continuar a sê-lo, independentemente do que acontecer. Fiz uma oferta para ele ir para a Tech 3, com um salário superior. Queria mesmo impedir que ele chegasse a Mugello a dizer “a minha equipa, os meus amigos, a família, garantiram um novo piloto e vão colocar-me na rua”», referiu.

Miguel Oliveira tinha contrato com a KTM e Beirer explica que podia ter obrigado o piloto português a cumpri-lo. «Tínhamos uma opção até 31 de maio, que podíamos ter accionado. Nesse caso, de acordo com o contrato, ele teria de correr por nós, fosse onde fosse. Mas não quisemos fazer isso, por causa da boa relação que temos com ele. Por isso fizemos uma oferta justa. Não accionámos a opção, mas fizemos uma nova oferta. Queríamos mesmo que ele ficasse, mas não sei se vamos ter essa chance», disse o chefe da KTM.

Beirer revelou ainda que ficou surpreendido com a reação de Miguel Oliveira. «Ele ganhou duas corridas com o Herve [Poncharal]. Não encarámos esta opção [baixar à Tech 3] como colocá-lo de lado, mas sim para fortalecer esse lado. O nosso objetivo era ter quatro posições de fábrica equivalentes. Mas ele não entendeu isso como algo positivo e ficou desiludido por querermos discutir com ele sobre se iria para outra equipa. Depois foi ele que se isolou e mandou o pai negociar com outras equipas», referiu.

Miguel Oliveira foi fotografado, entretanto, com  Paolo Ciabatti, diretor desportivo da Ducati, na garagem da Gresini, em Barcelona. O piloto português já veio a público dizer que foi apenas uma conversa e nada está assinado, mas Beirer desconfia. «De acordo com o pai dele, nada está assinado e quer falar connosco, mas já vimos uma foto suspeita na internet», atirou.

Apesar da forma conflituosa com as duas partes se estão a separar, Beirer espera manter a amizade com Miguel Oliveira. «Ainda estou a interceder pelo Miguel. Venceu quatro Grande Prémios e é uma peça importante do nosso projeto no seu todo. Mas é também alguém muito sensível. Sabemos isso. Tentamos sempre dar-lhe uma base simples que o faça conduzir de forma mais fácil. E quando tudo está alinhado e ele tem um dos seus bons dias, aí é imbatível. E aí vêmo-lo a ter sucesso em tudo. Vemos inclinações em curva com a moto e travagens tardias que nunca tínhamos visto. Subitamente abrem-se portas que não sabíamos«, destacou ainda o dirigente da KTM.