Não lhe pediram o título, mas disse logo que vinha para ser campeão. Não foi arrogância, foi mesmo a ambição natural de alguém que, ao longo da carreira como jogador, venceu sempre e que, agora, conquistou um título inédito para o Inter, no ano de estreia como treinador principal.

«O hábito faz uma pessoa criar uma mentalidade. Desde jovem aprendi que a única coisa que interessa é a vitória. Ingressei numa carreira nova, a de treinador, mas trouxe isso comigo», referiu Mozer ao Maisfutebol.
Mesmo quando as coisas lhe correram mal, não perdeu fé no título. «Essa confiança vinha da maneira como jogávamos. Mesmo sem resultados, havia dedicação. No futebol, as pessoas só olham para o resultado final e não vêem o que se passa nos 90 minutos. A equipa jogava bem e perdíamos os jogos por nossa culpa. Mas essas falhas desapareceram. Passei uma mentalidade de encorajamento e os meus atletas fizeram um trabalho exemplar», considerou o treinador, rejeitando a ideia de que essa má fase tenha sido fruto do tempo de adaptação.
«A equipa estava bem. Abrimos o campeonato com o Sagrada Esperança e o Manuel Fernandes estava no estádio. No final, ele disse que o futebol praticado pelas duas equipas não devia nada ao jogo em Portugal. Fiquei com confiança em mim e na equipa. Foi bom escutar as palavras do Manuel Fernandes, que é um treinador com experiência e foi um grande ponta-de-lança. Era sinal de que estávamos no caminho certo. Foi muito difícil, de facto, porque à quinta jornada, em 15 pontos possíveis tínhamos apenas dois. Tivemos de subir a escadaria e tirar as pedras do caminho.»
Os segredos do êxito
O segredo para o êxito foi um: continuar a trabalhar do mesmo modo. «É importantíssimo quando um treinador está ciente do que faz. Não alterei nada no dia-a-dia ou na estratégia de jogo. Fui muito claro com os meus atletas. Disse-lhes que quando ganhássemos não iríamos parar», analisou o novo campeão de Angola, sublinhando que no Girabola «há competitividade e da grossa».
Mozer venceu no ano de estreia como técnico principal, mas não se sente diferente por isso. «Não me sinto especial. Se calhar fui agraciado, graças à minha dedicação e trabalho», declarou, acrescentando que o reconhecimento pelo título foi consensual, depois das críticas.
«Respeito vamos ter se vencermos de novo. Tem é de perceber-se que foi prematuro julgar as pessoas e o seu trabalho. Depois do título, o reconhecimento foi unânime, todos consideraram o Inter como justo vencedor», argumentou, revelando que as metas para a próxima época estão traçadas: «Quando se ganha, prova-se o sabor da vitória e vê-se a alegria das pessoas. Temos de retomar forças para deixarmos as pessoas felizes de novo. O objectivo é ser campeão e tentar vencer a Taça de Angola».