Os 120 jogos com que Luís Figo partiu para a Alemanha são um recorde absoluto na Seleção Portuguesa. O antigo camisola 7 foi o jogador português mais experiente a chegar a um Mundial de futebol. Cristiano Ronaldo é o segundo da lista. O atual capitão português tem agora 110 partidas por Portugal, mas, ao contrário de Figo, lidera a seleção portuguesa mais internacional de sempre num Campeonato do Mundo.  Neste ciclo de presença constante em fases finais, foi na África do Sul que Portugal chegou com menos jogos. E mais estreantes em Mundiais do que agora, numa tendência invertida com estes 23. 

Número 7 na camisola, número um em quase tudo o resto, líder de uma seleção com 828 partidas nas pernas

 

Paulo Bento começou nesta segunda-feira o estágio da equipa no Estoril e, se nenhum imprevisto acontecer, levará no avião dez futebolistas que nunca viveram o ambiente de um Mundial: Rui Patrício, André Almeida, João Pereira, Luís Neto, João Moutinho, William Carvalho, Éder, Nani, Rafa, Varela e Vieirinha.

Ou seja, a maioria do grupo já viveu por dentro pelo menos uma
Copa (nem todos no relvado, é verdade, mas numa prova curta dificilmente jogam os 23). O que inverte a tendência de Carlos Queiroz em 2010.

O professor tinha levado 15 jogadores que nunca tinham estado num Mundial e, desses, seis acabaram por formar o onze-base da seleção na África do Sul: Eduardo, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Pedro Mendes, Raul Meireles e Hugo Almeida.

Na altura de ir ao banco, Queiroz teve ainda de recorrer a outros tantos jogadores que nunca tinham estado no Campeonato do Mundo: Liedson, Danny, Pepe, Miguel Veloso, Duda e Rúben Amorim. 

Mundial 2010, Portugal-Coreia do Norte: Miguel não esteve no onze-base, cedendo lugar a Ricardo Costa.  Na foto identificam-se os estreantes Eduardo (1), Bruno Alves (2), Fábio Coentrão (23), Pedro Mendes (8), Raul Meireles (16) e Hugo Almeida (18)



Paulo Bento está mais escudado. Como a maioria dos adeptos reconhecerá, há ainda dúvidas quanto àquele que será o onze-base da seleção no Brasil. Mas não mais do que em duas ou três posições: William/Veloso, Nani/Varela/Vieirinha, Hugo Almeida/Postiga.

No caso dos avançados, em termos de experiência nada muda, naqueles três extremos também não (nenhum esteve em em mundiais anteriores) e só a situação a meio-campo poderá trazer diferenças.

Ainda assim, não deixa de ser curioso que uma das pedras basilares desta equipa se vá estrear neste tipo de torneio no Brasil: João Moutinho falhou o Mundial 2010 e terá de se valer das experiências dos Europeus de 2008 e 2012 e nas 66 partidas que tem no currículo como internacional.

Quer isto dizer que são expectáveis pelo menos quatro estreantes em Campeonatos do Mundo na equipa-tipo de Paulo Bento: com William o número sobe para cinco. Poderá ser isso um fator de decisão na altura de o selecionador optar? 

O mapa de internacionalizações dos 23 selecionados: equipa tipo com base nas opções habituais do treinador
 

 

Não é só no capítulo de mundiais que esta seleção é mais experiente do que aquela que representou o país na África do Sul. 

Os escolhidos de Carlos Queiroz recolhiam, à data do início do Mundial, 670 internacionalizações em conjunto: já depois dos particulares antes do torneio. Os de Paulo Bento 828! Se isto pudesse ser transformado em jogadores, seria um Cristiano Ronaldo e praticamente meio Rui Costa (94 int.) a mais. Mas como não é, resta sublinhar a diferença de jogos.

A equipa deste Brasil 2014 ainda nem tem contabilizadas as três partidas de preparação prévias ao Mundial, com Grécia, México e Rep. da Irlanda. 

No final desse terceiro encontro, far-se-ão novas contas, mas numa comparação com todos os torneios mundiais em que a seleção participou, os dados garantem: nunca Portugal chegou com uma equipa com tantas internacionalizações. 

Como seria de esperar, e não só pelo facto de nessa altura apenas irem 22 jogadores, as equipas do México 86 (321 jogos) e as de Inglaterra 66 (285 internacionalizações no total) são as menos experimentadas.

Em 2010, o grupo de 23 de Carlos Queiroz somava 670 partidas de seleção. A seguir na lista está a equipa de António Oliveira em 2002. Portugal chegou ao torneio da Coreia do Sul/Japão com 776 internacionalizações entre os seus futebolistas. 

Em 1966, o mais experimentado era Coluna (45 jogos - segundo a contar da direita, na fila de baixo); em 1986 foi Manuel Bento (62), em 2002 Fernando Couto (83) e Figo em 2006 (120); segue-se Cristiano Ronaldo (110 internacionalizações)


Ora, esse número subiu no Mundial seguinte para 793. Tal como acontece com Cristiano Ronaldo, os jogos de Luís Figo contribuíram substancialmente para o total: Figo ainda é o recordista de partidas por Portugal, com 127, mas antes do Mundial tinha 120. Na Alemanha, porém, apenas mais dois jogadores estavam acima das 50 internacionalizações: Pauleta (82) e Nuno Gomes (53).

Cristiano Ronaldo leva 110 partidas neste momento, mas o número de jogadores acima dos 50 encontros por Portugal é bem maior: Postiga (66), Hugo Almeida (53), Nani (72), João Moutinho (66), Raul Meireles (73), Pepe (57) e Bruno Alves (70) dão um contributo enorme de experiência a esta equipa.

Em resumo, nunca fomos para um Mundial com a «bagagem» tão pesada.