*Enviado-especial ao Brasil

Entre as muitas pessoas que não esquecem a famosa final do Mundial sub-20 no Estádio da Luz, em 1990, está o presidente do Ypiranga Esporte Clube. E não é por ser um ferrenho seguidor da seleção canarinha. Emerson Ferretti recorda como poucos aquele jogo porque…estava lá.

O atual presidente do Ypiranga era o guarda-redes suplente do Brasil naquela noite mágica para os portugueses na Luz. Durante a conversa com o Maisfutebol sobre a história do clube de Jorge Amado, Emerson Ferretti foi explicando a alguns dos companheiros as diferenças entre o português de Portugal e do Brasil.

«Lá camisa é camisola. E grama é relva», contava. Como sabe tão bem? Pelo mês que passou em Portugal no Mundial, já que toda a sua carreira foi construída no Brasil, entre Grémio, Bahia e Vitória, entre outros.

O Mundial de 1991 continua muito vivo na cabeça do, agora, dirigente. «Fomos muito bem tratados durante todo o tempo pelos portugueses. Havia muita gente a apoiar o Brasil, muitos brasileiros e muitos portugueses. Só que a final foi Brasil-Portugal e aí complicou para nós claro», atira entre risos.

As memórias mais frescas são do Estádio da Luz lotado no jogo decisivo. «Eram 120 mil pessoas. É inesquecível», recorda.

«A seleção portuguesa tinha muita qualidade. Figo, Rui Costa e outros tantos que fizeram sucesso no futebol mundial. Mas nós também. Tínhamos Elber, Roberto Carlos. Foi um embate entre duas grandes seleções», acrescenta.

Sobre o jogo, que terminou sem golos, tem uma queixa, 23 anos depois: «Fizemos dois golos que foram anulados. Logicamente não gostámos. Aliás, quem esteve lá ainda hoje tem dúvidas…Mas, enfim, o que importa é que foi muito bom. Fica a pena por o título não ter vindo».

Emerson Ferretti tinha 19 anos na altura mas ainda mantém contacto com vários dos jogadores daquela seleção brasileira. «Encontrei muitos como adversários quando jogava no Grémio. Ainda hoje encontro alguns. É bom lembrar aqueles tempos», confessa.

Ao longo da carreira, também partilhou o balneário com alguns jogadores que fizeram história em Portugal. «Joguei com o Baidek, que esteve no Belenenses, e com o Assis, irmão do Ronaldinho. Boa gente. Também o Luís Alberto que jogou no Nacional e Sp. Braga, que é mais jovem. Fui profissional 16 anos, encontrei muita gente», sublinha.

Para o final, Emerson manifesta o desejo de ver no Maracanã a repetição da final da Luz.

«Seria ótimo. Agradaria muito aos dois países. Há uma irmandade e carinho muito grande. Se conseguíssemos a hegemonia do futebol mundial para a língua portuguesa seria muito bom mesmo», completa.