Fernando Santos ainda está perplexo: «Não consigo perceber como isto é possível…», desabafou o treinador português, em declarações ao Maisfutebol.

O «isto», é claro, é a confirmação do castigo de oito jogos e multa de 20.000 francos suíços que a FIFA ) impôs a Fernando Santos por, refere o comunicado incluso no site da FIFA, «vários atos de conduta antidesportiva dirigidos aos juízes» do encontro Costa Rica-Grécia, realizado a 29 de junho passado, a contar para os oitavos de final do Mundial-2014.

«Vou recorrer, claro que vou! Já estou a preparar isso com o meu advogado, tenho que me defender desta situação que não consigo compreender…», comentou Fernando Santos, entre o pasmo e a indignação.

«Tenho 30 anos de futebol, toda a gente sabe o meu comportamento, a minha correção. Tenho uma imagem a defender e é essa a minha preocupação imediata», referiu Fernando Santos.

O técnico, que ainda não definiu o seu futuro, confirmou ao Maisfutebol que «há algumas hipóteses em cima da mesa». «Estou a ponderar o que será melhor para mim, pode ser que alguma coisa se confirme em breve…», acrescentou o técnico quanto ao seu futuro.

Mas ainda antes de embarcar em nova experiência profissional, Fernando Santos, 59 anos, técnico que orientou os três grandes de Portugal, tem uma prioridade: «Quero fazer a minha defesa, quero defender a minha imagem. Oito jogos de castigo porquê?? É a situação mais inacreditável da minha carreira…»

«A federação grega não me contata desde 29 de junho»

Fernando Santos coloca culpas da gravidade desta situação na federação grega. «Desde 29 de junho que não me contatam. Por via nenhuma: por mail, por telefone, por carta, pessoalmente, seja o que for. Era suposto que a federação grega, depois de receber a indicação da FIFA que estava a correr isto contra mim, me avisasse, me notificasse, para eu pudesse, em tempo útil. Ora, como isso não aconteceu, na verdade eu não me pude defender. Não pude esclarecer a FIFA. Quando soube, já tinha sido feito este castigo de oito jogos, uma coisa impensável». 

Depois de quatro anos de sucessos desportivos, a relação contratual entre a federação grega e Fernando Santos cessou no dia seguinte a esse Costa Rica-Grécia, sendo que já estava definido, antes da fase final do Mundial do Brasil, que não iria haver renovação. 

E agora?

Bom, agora, é apostar tudo no recurso. «Isso tem os seus prazos, isso está com o meu advogado. Mas quero esclarecer tudo, claro, porque de certeza que há aqui coisas que têm ser esclarecidas. Só lamento não poder tê-lo feito no tempo certo, talvez se evitasse esta situação tão desagradável...»

Um castigo de oito jogos é algo de forte impacto no futebol. No mesmo Mundial, a «mordidela» de Luis Suarez no italiano Chiellini custou ao craque uruguaio sanção de nove jogos, em primeiro castigo, agora reduzido para oito (o mesmo que Fernando Santos, portanto). A equivalência não incomoda? «Quem veja o que se passou vê que não tem nada a ver. Foram coisas relativamente normais, não se passou nada entre mim e o árbitro durante o jogo, no prolongamento... Nada! Disse apenas, como tive oportunidade de explicar logo ali, na flash após o jogo, que não percebia porque é que a minha equipa tinha que sair do relvado e a equipa da Costa Rica podia ficar. Mas disse só, não houve confusão, não houve nada... Este castigo não cabe na cabeça de ninguém!»  

A grande preocupação de Fernando Santos é mesmo a defesa da imagem, isto porque a aplicação do castigo da FIFA será só em jogos do Mundial. O técnico acredita que «depois do recurso se possa pelo menos esclarecer algumas coisas, porque na verdade ainda não percebi porque é que fui suspenso com uma pena assim tão pesada».