O dia 25 do Mundial-2014 em cinco pontos:

1.
Definidas as meias-finais, é curioso verificar que chegam ao «top4» duas seleções europeias (Alemanha e Holanda) e outras duas sul-americanas (Brasil e Argentina). Nos «quartos», a mesma percentagem de 50/50 na repartição continental: quatro equipas europeias e quatro americanas (três da América do Sul e a Costa Rica, da América Central). Donde, fica muito difícil mostrar por resultados a tão apontada «vantagem territorial» que este Brasil-14 supostamente trouxe aos conjuntos do continente americano. Há, de facto, um «caso Costa Rica», que ninguém previu. Mas o mérito vai todo para a organização da seleção de Jorge Luis Pinto, para a alma imensa dos «Ticos», para as mãos de ferro e agilidade de Navas. No resto, tudo relativamente normal: seleções europeias bem (Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Suíça, Grécia) e seleções europeias mal (Espanha, Itália, Inglaterra, Portugal, Rússia). Os grandes torneios são assim: algumas equipas ganham, outras perdem. Sobre a «derrocada europeia», é melhor esquecer isso. Aliás, ainda é possível vermos uma final europeia, entre Alemanha e Holanda… Mais: há quatro anos, uma seleção europeia, a Espanha, ganhou em África, a outra europeia, a Holanda, na final. Há oito, em 2006, aí sim, houve uma certa «vantagem territorial» dos europeus, na Alemanha: quatro seleções do Velho Continente nas meias (Alemanha, Itália, França, Portugal), seis nos «quartos» (só Brasil e Argentina no oito melhores).

2. Jogados 60 dos 64 encontros deste Mundial (e já com nomes como James, Neymar, Cristiano Ronaldo, Luis Suarez, Cuadrado, Bryan Ruiz, Giovani dos Santos, Ochoa, Herrera, Alexis, Perisic, Balotelli, Enner Valencia, Slimani, Tim Howard, Vertonghen, Shaqiri, Benzema, Pogba ou Matuidi fora da competição), aqui vai a minha lista dos dez melhores jogadores da prova. Por esta ordem: James, Robben, Messi, Neymar, Di Maria, Navas, Neuer, Muller, Kroos, David Luiz. Mas isto ainda pode mudar nos últimos quatro jogos, claro.

3. O que a Costa Rica fez no Brasil-14 foi histórico. Não perdeu, em 90 ou 120 minutos, com qualquer das cinco grandes seleções que defrontou: Itália, Uruguai, Inglaterra, Grécia e Holanda. A seleção mais em destaque neste Mundial, sem qualquer dúvida. Os três primeiros jogos foram brilhantes: dois triunfos e um empate no «grupo da morte», sempre a jogar bem, nunca por acaso. Gostei menos dos «Ticos» na fase a eliminar. A Costa Rica não merecia ter passado com a Grécia, se chegasse às meias-finais depois de duas decisões por penalties já era demais. De todo o modo, quase só elogios para esta equipa bem organizada, descomplexada, de Jorge Luis Pinto, que terá apenas pecado na forma como defendeu, em demasia, no jogo com a Holanda. Nada que não se possa desculpar, é certo, tão grande era a diferença de estatuto e de experiência entre holandeses e costa-riquenhos. Mas ficam marcas bem fortes de nomes como Navas, Ruiz, Campbell, Borges, Tejeda, Gambou ou Gonzalez. Valeu

4. Até aos oitavos, o Brasil-14 foi, claramente, o melhor Mundial das últimas décadas: no espetáculo, nas surpresas, nas reviravoltas, nos golos. Os «quartos» não acompanharam esta boa tendência: quatro jogos muito táticos, muito menos espetáculo, passou a dominar a pressão do momento, o receio de falhar e já não ter tempo para voltar à competição. Mesmo nas equipas e nos jogadores mais cotados. Pode ser que as meias-finais retomem a melhor tendência. Sem Neymar num jogo e quase de certeza sem Di Maria no outro, fica mais difícil…

5. Está visto: o Brasil-14 está a ser o Mundial dos guarda-redes. Até o suplente da Holanda entre aos 120 e fica o herói do apuramento para as meias-finais, ao defender dois penalties, adivinhando o lado para onde foram batidos os cinco. Notável a lista de guarda-redes «heróis» de jogos nesta prova. No Holanda-Costa Rica, Tim Krul começou no banco e resolveu a passagem, Navas assinou mais uma exibição monumental e foi de novo o melhor em campo para a FIFA, mesmo tendo ficado pelo caminho. Cada vez mais difícil elencar o ranking dos melhores guarda-redes do Mundial, tantos são os candidatos. Aqui vai a minha lista, por ordem: Navas, Neuer, Tim Howard, Ochoa, Rais Mbolhi, Bravo, Courtois, Ospina… e Tim Krul, pois claro.

«Do lado de cá»
é um espaço de opinião da autoria de Germano Almeida, jornalista do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo. Germano Almeida é também responsável pelas crónicas «Nem de propósito» e pela rubrica «Mundo Brasil», publicadas na revista MF Total. Pode segui-lo no Twitter ou no Facebook.