*Enviado-especial ao Brasil

Chama-se Mário André Monteiro e faz questão de lembrar que o apelido vem direitinho de Trás-os-Montes. «Sou neto de um português», conta. Mas Mário André concentra na sua pessoa um misto de culturas: tem nacionalidade brasileira e, de certa forma, sente-se alemão.

A seleção germânica, primeira adversária de Portugal no Mundial 2014, tem, assim, um apoio especial no país da Copa. Mário André Monteiro foi, desde muito novo, conhecido por «Alemão» pelas suas características físicas. «Sou loiro e bem branquelo», brinca.

E de brincadeira em brincadeira começou a levar mais a sério a ideia. Hoje é jornalista e gere o «Alemanha Futebol Clube», o maior portal online sobre futebol alemão em língua portuguesa.

No Mundial já não tem dúvidas: será alemão de corpo e alma. «Sou pela Alemanha e pelo Brasil, mas quando se encontrarem nas meias-finais já escolhi: Alemanha», atira, em conversa com o Maisfutebol.

«Não sou um traidor à pátria. Já torci muito pela seleção brasileira. Até ao Mundial de 98, mais ou menos. Mas quando se começa a trabalhar com jornalismo desportivo, começámos também a saber muita coisa que acontece por trás da cortina, nos bastidores do futebol e da CBF. E essa paixão vai perdendo força», conta.

Para o país que adotou, as palavras são de enorme elogio: «Alemanha é sensacional. Tem uma história rica, cheia de acontecimentos, tão bons quanto maus. Passou por momentos difíceis que hoje foram superados.»

«O meu interesse no futebol alemão é muito pela seriedade com que os dirigentes de lá tratam o desporto. A gestão da Bundesliga é um modelo que deve ser seguido. Isso atrai-me muito», confessa.

Fé na Alemanha já foi maior

Voltemos então às origens de Mário Rui Monteiro, dividido entre três países. Com espaço para Portugal, como se disse.

«O meu apelido Monteiro vem de Trás-os-Montes. O meu avô nasceu em Portugal e veio para o Brasil ainda jovem, por isso tenho sangue luso a correr nas veias», conta. «Infelizmente não tenho contacto com ninguém de Portugal. Estive só uma vez em solo português, na cidade do Porto, mas para fazer uma ligação no aeroporto. Mas Portugal já está no meu próximo roteiro», garante.

Em relação ao futebol da equipa de Paulo Bento, considera-o «extremamente dependente de Cristiano Ronaldo». «Vejo muitas vezes uma falta de criatividade na criação das jogadas. Mas confio numa qualificação portuguesa além da fase de grupos, indo talvez até aos quartos-de-final», projeta.

Já sobre a «sua» Alemanha, admite que o favoritismo já foi maior. «Esta onda de lesões fez-me perder um pouco a esperança», confessa.

«Há muitos jogadores lesionados, sem estarem a 100 por cento fisicamente. É preocupante. Mesmo assim, confio em ver a Alemanha na grande final», projeta.

E sempre a dar notícias sobre os pupilos de Joachim Low. «Comecei a trabalhar com o futebol alemão em 2008, com um blogue no Portal iG, que estava a precisar de uma pessoa para escrever sobre o assunto. De lá para cá, notei um crescimento absurdo da Bundesliga no Brasil, muitas pessoas passaram a acompanhar com mais atenção. E aí resolvi criar o Alemanha FC, que hoje é o maior site com notícias de futebol alemão em língua portuguesa», explica.

Toda esta euforia em torno da Alemanha não o torna uma pessoa diferente, mas vai ouvindo algumas piadas: «A minha família não reclama, mas muitos amigos chamam-me doido!»