Um grande jogo de futebol, mesmo quando ficou 0-0 aos 90 (um dos melhores 0-0 dos últimos anos).

A Alemanha está nos quartos de final do Mundial, depois de bater a Argélia, por 2-1, após prolongamento. Na próxima sexta, no Maracanã, às 13h locais, França e Alemanha protagonizam autêntica «final antecipada». Mas tanto franceses como alemães podem dar-se por muito satisfeitos por terem passado hoje. Foi, em ambos os casos, bem mais difícil do que era de prever, perante as duas seleções africanas que passaram aos oitavos.

Foi muito difícil, mesmo muito difícil, para o conjunto de Joachim Low seguir em frente. A Argélia fez exibição notável e justificou por inteiro o prolongamento. Schurrle, aos 92, fez o golo decisivo, Ozil só confirmou. E Djabou ainda teve alma para o 2-1, merecidíssimo, pela honra, pelo mérito, pela qualidade desta Argélia.

Não foram surpresa assim tão grande as dificuldades que a Alemanha sentiu para eliminar a Argélia. Com o Gana e os EUA, a equipa de Low já não tinha sido brilhante. Facilidades, só mesmo na goleada com Portugal.

A Argélia, notável, não teve medo do favoritismo alemão e assinou, em Porto Alegre, uma belíssima exibição. Podia, de resto, ter chegado ao intervalo a vencer: oportunidades não lhe faltaram, entre o golo anulado a Slimani (ligeiramente em fora de jogo no momento do centro) e o remate de Ghoulami, após passe de Soudani.

 A Alemanha nunca conseguiu ser dominante, perdia muitas bolas, era demasiado previsível, só conseguir criar perigo em remates potentes de longe ou nas bolas paradas. 

Boa primeira parte, daquelas que provam que um 0-0 pode conter um jogo interessante. A Alemanha parecia entrar mais perigosa no segundo tempo, mas o essencial não mudou: a Argélia continuava a sair com muito perigo no contra-ataque, os germânicos sem conseguirem massacrar. Longe disso. 

Em várias fases da segunda metade, a Argélia esteve mais perto de marcar. Com a saída de Mustafi por lesão, Lahm foi para lateral-direito e a Alemanha passou a criar muito mais perigo. Muller teve três grandes ocasiões para marcar, mas na baliza estava um M’Bolhi gigante. 

Prolongamento, justíssimo, Argélia não merecia cair nos 90, de forma alguma. O 0-0 provava que não é fundamenta haver golos para se poder assistir a um grande jogo de futebol.

O prolongamento «começou» com o golo de Schurrle e, a partir daí, tudo ficou mais fácil para a Alemanha. Mas muito poucos terão previsto que, nos 90, se assistiria a um dos melhores 0-0 dos últimos anos: competitivo, bem jogado, aberto, com duas equipas a poderem passar. 

Mesmo com tantas dificuldades, será justo apontar mais méritos à Argélia do que demérito da Alemanha. Com o passar do tempo, os alemães foram chegando com mais perigo à baliza adversária, mas estava lá sempre um M'Bolhi fantástico, a defender tudo. E a Argélia sempre a mostrar condições de sair com perigo, com passes de apoio, com Slimani ansioso por faturar. 

Só mesmo quando Ozil festejou o 2-0 aos 119 é que se percebeu que não iria haver penalties. Mesmo assim, a Argélia ainda foi 2-1, por Djabou. Grande jogo, nível top, Argélia enorme, a obrigar a Alemanha dar tudo, não poupar mesmo nada para sexta, com a França.

Que grande Mundial!

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