Pesadelo, parte II.

O Brasil chegou a acreditar que podia aproveitar o «jogo dos derrotados» para poder limpar um pouco a sua imagem, depois daqueles inimagináveis 1-7 com a Alemanha.

Qual quê: o escrete apenas confirmou, diante da Holanda, o péssimo Mundial que fez no Brasil-14.

Não foi tão mau como na partida com a Alemanha (isso seria praticamente impossível), mas quase. Os principais erros permaneceram: mal a defender, erros de posicionamento, descontrolo em fases cruciais da partida. 

A Holanda mostrou, em Brasília, que podia mesmo ter sonhado com o título. Foi claramente melhor que o Brasil, entrou muito bem, esteve o jogo todo a vencer. Entrou e acabou a marcar, pelo meio dominou com relativa tranquilidade. Quem diria. 

O conjunto de Van Gaal termina o Brasil-14 com cinco vitórias e dois empates. A final esteve mesmo muito perto. 

Scolari mudou, mas só no onze

Scolari mexeu mais que meia equipa, fez seis alterações para tentar lavar a cara deste Brasil, depois da vergonha do Mineirão. Entrou Jô, saiu Fred. Entrou Ramires, saiu Fernandinho. Entrou Maxwell, saiu Marcelo. Entrou Thiago Silva, saiu Dante. Entrou Ramires, saiu Hulk. Entrou Paulinho, saiu Bernard. 

Mudança para melhor? Qual quê. O Brasil voltou a entrar péssimo, permitindo que Robben fugisse de Thiago Silva. Simpático, o árbitro argelino a só dar amarelo ao capitão do escrete. 

Penálti, 0-1 por Van Persie, ao minuto três. Imagina! Rostos cabisbaixos, receio de que tudo voltasse a acontecer para pior. Quando, aos 16, Blind aumentou para 0-2 (com a Alemanha, por essa hora, ainda só estava 0-1…), a perspetiva de Pesadelo, parte II passou a ser real. O escrete teve, ao menos, um mérito: desta vez, não desabou. Esboçou reação, mesmo que com demora. Oscar empurrava a equipa, dava um toque de talento e qualidade a um Brasil globalmente pobre e triste. No início do segundo tempo nem isso parecia existir. O Brasil dava mostras de ir gerindo o 0-2, evitar ao menos a goleada. 

Scolari lançou Fernandinho, para policiar Robben, e o médio do City exagerou na leitura e demorou poucos minutos a levar amarelos. Ainda a segunda parte estava no início e já podia ter visto o segundo, pela dureza das faltas sobre Robben, De Guzman ou Van Persie. Até que entra Hulk: o Incrível deu novidade ao ataque, rematou com muito perigo. Mas o 1-2 não surgiu e na fase final o Brasil voltou a desaparecer. Tanto assim foi que ainda permitiu o 0-3. Penoso.

Robben nos três golos

Ok, Robben dificilmente será o melhor jogador do Mundial, tendo a Holanda sido terceira (embora Forlán o tenha conseguido há quatro anos, sendo o Uruguai quarto). Mas a verdade é que o avançado do Bayern foi enorme neste Mundial. Hoje, esteve nos três golos: sacou o penálti a Thiago Silva; iniciou jogada do 0-2; iniciou jogada do 0-3.

O jogo não foi de consolação para ninguém: foi de dor para o Brasil e foi de confirmação para a Holanda. A equipa de Van Gaal podia mesmo ter feito história na prova.