* enviado-especial

James, claro

Cinco jogos consecutivos a marcar pela Colômbia, cinco golos em quatro jogos no Mundial, eis o James que todos os portugueses conhecem a transformar-se, passo a passo, no James que todo o planeta vai conhecer. É injusto resumir o seu estado de graça à contabilidade dos golos, porque a confiança que exibe contagia todas as suas ações em campo. Depois desta gala no Maracanã, apetece escrever que ouviu, no momento da substituição, a ovação mais marcante da carreira. Mas talvez seja cedo para certezas: o Mundial ainda está longe do fim, e depois deste jogo ninguém pode tirar aos colombianos o direito a sonhar com um regresso, no próximo dia 13.

Zuñiga e Armero
Dois laterais de mão cheia, com importante participação ofensiva – de que é exemplo o maravilhoso segundo golo colombiano. Zuñiga, o lateral direito, impressiona pela consistência dos piques e pela potência de remate enquanto Armero, mais contido, mede bem as subidas e tem uma eficácia de cruzamento muito apreciável.

Cuadrado
Já é uma das grandes confirmações deste Mundial. Parte de uma posição de extremo, que dá equilíbrio defensivo à equipa, permitindo a James jogar com carta branca, da esquerda para o meio. Driblador fantástico, tem capacidade para ocupar zonas mais centrais e alia à técnica uma visão de jogo perfeitamente demonstrada pela assistência para o 2-0.

Cavani e Muslera
Os melhores uruguaios deste Mundial, símbolos perfeitos de uma equipa combativa, com uma mentalidade praticamente inquebrável. Os 13 remates que os «charruas» fizeram na segunda parte dão bem a medida da competitividade com que encaram os jogos. Enquanto o guarda-redes voltou a ser exemplar, Cavani, jogador magnífico, demasiadas vezes obscurecido pelo seu parceiro de ataque – seja ele Ibrahimovic ou Suarez – despede-se do Mundial com a certeza de que fez tudo o que podia para evitar este desfecho.

Suarez
Avançado magnífico, temperamento detestáve: depois de ter renascido das cinzas de uma lesão grave com a exibição frente à Inglaterra, a reincidência nas mordidelas acabou com as esperanças uruguaias no Brasil. Mesmo que a equipa tenha tentado transformar o seu processo numa gritante injustiça, e unir-se contra o mundo exterior, há coisas que no futebol vão para além do espírito de grupo e da mentalidade. Isso, o Uruguai teve de sobra. Faltou-lhe o golpe de génio de um matador com dentes a mais e cabeça a menos.