A Holanda vai defrontar a Argentina nas meias-finais do Campeonato do Mundo. A equipa de Van Gaal sofreu depois de 120 minutos sem golos, mas foi mais eficaz nos penáltis. A primeira vez na sua história em Campeonatos do Mundo que sai viva de um desempate.

A Laranja era, como foram Uruguai, Itália e Inglaterra, favorita. Mas pela frente tinha a Costa Rica, que já não era a surpresa do início do Mundial, mas ainda tinha as suas armas. Desta vez, os «Ticos» voltaram a jogar pouco, como tinha acontecido frente à Grécia, mas podiam mesmo ter evitado os penáltis numa cavalgada final de Ureña, que passou dois defesas antes de acertar nas pernas de Cillessen. Só que não houve muito mais e vão para casa.

Durante 120 minutos teve mais oportunidades, três bolas no ferro e mereceu a sorte que conquistou nos penáltis. Traídos por questões físicas desde a hora de jogo, os jogadores da Costa Rica conseguiram levar a decisão para o campo psicológico, a habitual «lotaria» das grandes penalidades, uma vez que técnica e fisicamente estavam a sofrer bastante em campo. Robben criava quase todos os desequilíbrios pelo lado direito – Júnior Díaz escapou de forma incrível à expulsão - e só a noite desastrada de Van Persie, e algumas boas intervenções de Navas, evitaram um descalabro mais precoce.

Van Gaal guardou para tarde duas decisões que vão marcar ainda mais a sua imagem neste Campeonato do Mundo. Aos 106 minutos, início da segunda parte do prolongamento, inverteu um 3x4x3 mais controlado por uma avalanche em 4x2x4. Bastou-lhe trocar um defesa Martins Indi por mais um avançado: Huntelaar. Os últimos minutos foram de ritmo bem mais elevado, apesar de Ureña também ter tido a sua oportunidade. A segunda decisão foi trocar de guarda-redes para a decisão, na última substituição que tinha ainda. Entrou Tim Krul para o lugar de Cillessen, como se fosse um jogo de andebol, e foi decisivo.

Van Gaal fiel aos três defesas

A equipa de Louis van Gaal apresentou-se para o encontro do Arena Fonte Nova, em Salvador, sem o seu trinco habitual, de Jong, e sem Fer, também lesionado. Face sobretudo à ausência do primeiro, Sneijder desceu para o lado de Wijnaldum no eixo do meio-campo, com Kuyt a fazer de lateral-direito e Blind a manter-se na esquerda. Apesar das mudanças, a seleção laranja mantinha um onze virado essencialmente para as transições rápidas e tinha pela frente um adversário bastante controlado, também construído para contra-ataques. Sem Duarte, castigado, a Costa Rica surgiu apenas com uma altura: Acosta no lugar do seu único indisponível. Em teoria, anunciavam-se dificuldades para os holandeses e foi o que aconteceu.

A primeira parte não teve grandes oportunidades de golo, mas mesmo assim Navas teve bem mais trabalho do que Cillessen. Aos 39, foi obrigado por Sneijder, num livre direto, a voar para uma das defesas da noite. A melhor oportunidade da Costa Rica tinha surgido cinco minutos antes, num livre indireto, com a bola a ser ganha ao segundo poste e, depois, Acosta a acertar de raspão com um pontapé de bicicleta.

Dificuldades físicas dos Ticos

No segundo tempo, a Costa Rica começou melhor, a pressionar alto, mas a condição física traiu os seus jogadores bem cedo. O primeiro a ser sacrificado foi Joel Campbell, por volta da hora de jogo. Sentindo o rival com problemas, a Holanda começou a chegar muitas vezes à baliza de Navas. Aos 82, Sneijder acertou no poste de livre direto e, até ao fim dos 90, Tejeda foi ainda obrigado a salvar um remate de Van Persie sobre a linha (e com auxílio da trave). O ponta de lança estava em noite não, que se prolongaria pelo prolongamento dentro, ao bloquear por duas vezes remates muito perigosos de companheiros.

Sneijder voltou a acertar na trave, e Ureña teve a sua oportunidade, numa jogada a solo, que Cillessen travou com os pés. Antes dos penáltis, Van Gaal fez a tal substituição histórica. Tim Krul, que tinha defendido dois em 20 em quatro épocas de Premier League, entrou para o lugar de Cillessen. O guarda-redes não só adivinhou a direção de todos os remates, com defendeu os de Ruiz e Umaña, garantindo a qualificação.