Ricardo Quaresma esteve entre os 30 pré-convocados para o Mundial, mas acabou por não fazer parte da lista final de Paulo Bento. Em entrevista ao Maisfutebol e TVI, o internacional português fala da sua ausência na prova, de sentimentos e mitos.

Custou-lhe ficar fora do Campeonato do Mundo?
«Foi um momento triste, porque estava confiante de que poderia estar no Mundial. Até pelo que fiz no meu clube, pelo trabalho que realizei, estava à espera de poder lá estar. Foi uma desilusão não estar entre os 23. Mas tenho de agradecer às pessoas que me apoiaram, porque percebi que ainda há muita gente que me admira. Por um lado, fiquei triste. Mas, por outro, fiquei orgulhoso e feliz por perceber que ainda há muita gente que gosta do meu trabalho.»

Antes e durante o Mundial, demonstrou sempre apoio à Seleção Nacional. Acredita que era importante passar essa mensagem?
«Era importante, apesar de ter ficado triste e desiludido por não poder representar o meu país. Somos portugueses, temos de estar todos juntos. Acho que também era importante os jogadores sentirem que nós, adeptos, porque neste caso eu era um adepto, estávamos com a nossa seleção. É importante os jogadores sentirem que o país está com eles.»

Em entrevista à TVI24, Paulo Bento disse que não o convocou porque «no processo defensivo» os jogadores que chamou «permitem à equipa estar mais equilibrada». Como vê a justificação do selecionador?
«Sinceramente, não entendo a justificação do selecionador, mas respeito. Acima de tudo, respeito. Acho que criaram esse mito de eu não defender, porque quem viu os jogos do FC Porto, desde janeiro, viu que já sou uma pessoa muito diferente. Já não sou o jogador que era há quatro ou cinco anos, sou um jogador mais de equipa. Mas só o selecionador saberá as razões para não me levar. Não é que aceite, mas respeito. Acima de tudo é isso.»

Diz que é uma pessoa diferente. O que mudou em si, enquanto jogador e pessoa?
«Enquanto pessoa não mudou muita coisa. Vou ser sempre o mesmo. Nem eu quero mudar aquilo que sou. Agora, dentro do campo mudei. Sou um jogador que se preocupa mais com a equipa. Se calhar, preocupo-me mais com o aspeto tático. Coisa que, se calhar, há uns anos não me preocupava tanto. O futebol está muito mudado. Já não se vê muita magia no futebol. Vês mais tático do que magias. Tens poucos jogadores que te levam ao estádio. Tens de te habituar ao momento do futebol. Não deixando de ter o que de melhor tens, que é o talento, e de fazer o que podes fazer, tens de habituar-te ao momento que o futebol atravessa. Acho que, neste momento, sou muito diferente. Quem viu os jogos do FC Porto percebeu que estou muito diferente.»

Se tivesse sido convocado para o Mundial, acha que poderia ter feito a diferença?
«A diferença não sei, mas poderia dar muito à seleção, porque me sentia muito bem física e psicologicamente. Acredito que poderia ajudar a seleção, mas, infelizmente, não o pude fazer.»

Continua disponível para representar a Seleção?
«Vou continuar a fazer o meu trabalho. Se o selecionador me quiser chamar, cá estarei. Se entender que há outros jogadores que estão melhores que eu, continuo a respeitá-lo.»