O Estádio de Manaus continua a ser notícia: e não é pelas melhores razões. O relvado apresenta nesta altura um aspeto deplorável, com o que parecem ser muitas falhas de relva.

Isto numa altura em que se aproxima o primeiro jogo no recinto, agendado para este sábado: o escaldante Inglaterra-Itália, a partir das 23 horas portuguesas.

Ora por detrás deste relvado está a empresa portuguesa RED, que em parceria com a brasileira Greenleaf Gramados construiu e trata da manutenção do relvado. A RED, recorde-se, é responsável pelos relvados dos estádios e centros de treinos dos grandes em Portugal, não sendo este um bom cartão de visita para a empresa portuguesa.

Em declarações ao
Maisfutebol, a RED explicou o que correu mal e deixou uma garantia segura.

«Quando chegar o dia 22 de junho, no jogo de Portugal com os Estados Unidos, o relvado estará totalmente em ótimas condições», garantiu Miguel Bastos, responsável da empresa.

«O estado do relvado nesta altura não é perfeito, mas até dia 22 contamos recuperá-lo totalmente. Para o jogo de Inglaterra e Itália neste sábado, também podemos garantir que vai estar jogável. Não será um relvado esteticamente bonito, mas vai dar para jogar. Aliás, estará perfeitamente jogável, embora, repito, não com um bom aspeto.»

Mas afinal o que correu mal?

«Os problemas aconteceram muito por causa das condições climatéricas. Já introduzimos um sistema de drenagem a váculo, que é um sistema de drenagem especial, através de uma máquina que retira a água, mas não podemos fazer nada em relação ao clima da Amazónia», diz Miguel Bastos.

Recorde-se que a Amazónia foi vítima de violentas cheias no final de maio, que levaram o governo brasileiro a decretar inclusivamente o estado de emergência para a região de Manaus.

Mas este não foi contudo o único problema.

«Tem tudo a ver com o clima e também com o problema de Manaus. Os prazos de manutenção do relvado nunca conseguiram ser cumpridos. Como os cumprimos em Portugal, por exemplo. Manaus é uma cidade isolada na Amazónia, não há vias de transporte terrestre, temos de mandar tudo por barco ou por avião, os adubos nunca chegam no prazo necessário, é um problema», sublinha.

«A RED faz os possíveis e impossíveis para os relvados estarem sempre em condições perfeitas, mas não pode fazer nada perante certas limitações. É sempre muito complicado preparar um relvado para uma competição num local onde geralmente não há competições.»

«Pintar o campo? É mentira. O que as fotos mostram é um pulverizador»

Recordando que a parceira da Red, a brasileira Greenleaf, é responsável por sete dos doze relvados do Mundial 2014 e que só Manaus é que deu problemas, Miguel Bastos aproveitou também para desmentir que funcionários da empresa estejam a pintar de verde as zonas sem relva.

A notícia saiu na imprensa inglesa e mostra apenas um trabalhador com um tanque de líquido às costas.

«Já sabemos como são os tablóides ingleses, escrevem o que lhes dá jeito. É uma notícia totalmente fantasiosa. Aquilo são pulverizadores. É impossível pintar a relva com um pulverizador de 50 litros às costas. O funcionário está apenas a aplicar os produtos nas zonas afetadas para a relva crescer.»

Miguel Bastos garante de resto que é uma rotina normal numa altura em que a empresa faz todos os impossíveis para ter o relvado de um jogo de mundial em condições boas.

Na perspetiva puramente portuguesa, acrescenta, tanto responsáveis da seleção como os adeptos podem ficar descansados: dia 22 de junho o relvado estará perfeito.

«A não ser que haja outro problema climatérico. Aquilo é a Amazónia. Tem dias em que chove muitíssimo. E em relação aos fenómenos climatéricos naturais nenhum homem pode fazer nada. Mas se até dia 22 não houver outra tempestade, o relvado vai estar em condições ótimas.»