Clap clap clap. O jogo 54 foi o mais emocionante do Mundial2018, e por isso é justo começar esta crónica com um agradecimento às duas equipas.

E como o futebol pode ser deliciosamente estranho, este elogio talvez seja até mais dirigido ao Japão, praticamente perfeito até ao minuto 60 ou 70. A Bélgica teve de ir ao banco para virar uma desvantagem de dois golos, e sem passar pelo desgaste do prolongamento.

O último representante asiático não conseguiu a desejada presença inédita entre as oito melhores seleções do mundo, mas deixou uma imagem extremamente positiva no adeus ao palco maior do futebol.

Uma imagem de sacrifício e de solidariedade, por exemplo, patentes na entreajuda defensiva. Na primeira parte então parecia que aparecia sempre uma perna japonesa a desviar os remates belgas.

Mas não se julgue que a seleção nipónica equipa de Akira Nishino pensou apenas em defender. Mostrou qualidade também a atacar, com enorme perspicácia na abordagem estratégica. A equipa de Akira Nishino tirou proveito das debilidades belgas no corredor central, sobretudo em transição defensiva.

Foi assim que chegou à vantagem, de resto, com um contra-ataque iniciado por Inui. Com espaço para decidir no grande círculo, Shibasaki isolou Haraguchi com um passe rasgado que Vertonghen não conseguiu cortar, quando parecia ter condições para o fazer (48m).

Não serviu de lição para a equipa de Roberto Martínez, que quatro minutos depois voltou a dar imenso espaço (e tempo) na zona central. Kompany cortou a bola para lá e a classe de Kagawa serviu Inui para um indefensável remate.

Pelo meio a Bélgica até tinha atirado ao poste por Hazard, mas a reviravolta dos «diabos vermelhos» começa ao minuto 65, com a entrada de Fellaini e Chadli.

O jogador do Manchester United liderou uma resposta aérea que o Japão não conseguiu controlar. Foi a partir de dois pontapés de canto que a Bélgica chegou à igualdade: Vertonghen reduziu a diferença ao minuto 69, e o próprio Fellaini fez o 2-2 logo a seguir (74m).

Para Chadli ficou a honra de apontar o tento da vitória belga, ao minuto 90+4. Um golo que também nasce de um canto, mas favorável ao Japão, e ironicamente conduzido pelo corredor central. Kevin de Bruyne galgou metros até soltar na direita, em Meunier, que cruzou rasteiro para a finalização de Chadli. Lukaku não tocou na bola, mas a forma como a deixou passar para o colega era digna de contar como assistência.

Um contra-ataque perfeito a colocar a Bélgica nos quartos de final. Segue-se o Brasil.