O pai de Forsberg garante que o filho podia muito bem competir com André Gomes num inusitado ranking que nunca alguém se lembrou de fazer: o de jogador menos interessante de entrevistar. E segundo o também antigo futebolista – que, acreditamos, terá deixado o sentimentalismo de parte na hora de decidir, o camisola 10 levaria a melhor. «É, sem dúvida, o jogador mais aborrecido de entrevistar. Diz sempre o mesmo», garante o pai Forsberg, sobre o filho.

Acontece que é para jogar futebol que o camisola 10 da Suécia é pago. E não é por acaso que era encarado pelos suecos como a principal esperança de perigo ofensivo da equipa nórdica para este Mundial. O rapaz joga. E mesmo que possa ser de um aborrecimento total a dar entrevistas, foi ele que salvou a tarde em que se jogou um sonolento Suécia-Suíça.

Vamos mais longe. Foi ele que, aos 67 minutos, salvou o mundo de mais 30 minutos de um jogo mais aborrecido do que qualquer entrevista. Tudo isto, ao mesmo tempo que deu o apuramento para os quartos de final à sua Suécia, algo que não acontecia há 24 anos, numa altura em que Forsberg, com dois anitos, até poderia já dar uns toques na bola, mas que não teria um discurso muito variado. Talvez isso tenha sido o que menos mudou nestes anos.

Suécia e Suíça, tão iguais que… chateia

É verdade que depois do último jogo do dia anterior, o palpitante Bélgica-Japão, qualquer partida corria o risco de parecer chata. Mas Suécia e Suíça conseguiram deixar qualquer adepto de futebol a suspirar por um pouco mais de emoção.

É que na primeira parte, até as poucas oportunidades que ambas as equipas tiveram para criar perigo, acabaram quase sempre com remates para a bancada. Mas não para a primeira ou segunda fila de cadeiras, lá para a fila “L”, “M” ou assim.

Do lado da Suécia, foram ene as situações desse género. Por Forsberg, Toivonen e Berg, por exemplo. Berg que até conseguiu acertar no alvo, aos 29 minutos, mas viu Sommer negar-lhe o golo com uma excelente defesa.

A Suíça, por seu turno, foi regular como um relógio. Tic-tac, tic-tac, tic-tac. 45 minutos à espera que o adversário atacasse para poder explorar as transições ofensivas. Mas como a Suécia também subia com poucos homens, poucas ou nenhumas oportunidades teve para isso.

Forsberg, a peça que se destaca

Na segunda parte, a (pouca) emoção do jogo prolongou-se por mais de 20 minutos. Até que apareceu Forsberg, em boa hora, dirão todos os adeptos de futebol, excepto os suíços, obviamente.

O médio do Leipzig recebe a bola à entrada da área descaído para o lado esquerdo, flete para o meio, tirando dois adversários do caminho, e quando remata uma bola que até parecia ir à figura de Sommer tem a sorte de esta desviar em Akanji e enganar o guarda-redes suíço.

Mas se alguém merecia a sorte, era mesmo Emil Forsberg. O único que tentou abanar um pouco com a monotonia do jogo. O único com um discurso futebolístico fluido e distinto. A peça que se destaca numa equipa, acima de tudo, difícil de desmontar. E por isso, a grande esperança individual de uma Suécia que vale pelo coletivo.

Agora, ficam os suecos bem sentados numa cadeirinha à espera do adversário nos quartos. E seja ele qual for, Inglaterra ou Colômbia, deve lembrar-se que o percurso desta Suécia é digna de respeito. Depois de deixar pelo caminho a Holanda numa fase de apuramento onde só a França lhe foi superior, os suecos eliminaram a Itália no playoff, a Alemanha na fase de grupos e, agora, a Suíça, uma equipa que tinha apenas uma derrota nos últimos 25 jogos.

Quem se segue, que se cuide. E lembrem-se de Forsberg. Ele pode ser um tipo de poucas palavras, mas sabe o que fazer quando tem a bola nos pés.