Domingo, 15 de julho, Moscovo, Estádio Luzhniki, 16 horas de Lisboa. O início do fim tem local e hora marcado. Para trás, um mês de golos, de cores, de alegrias e frustrações.

Vieram 32 equipas cheias de esperança. Umas mais do que outras é certo, embora todas - do campeão do mundo ao Panamá e à Arábia Saudita, portanto sem exceção - tiveram pelo menos um motivo para celebrar nesta festa maior que é o Mundial de Futebol. Houve golos para todas as seleções, dizia-se na frase anterior. Mas haverá glória apenas para uma. Ou para França, ou para Croácia.

Vinte anos depois, as duas nações voltam a encarar-se num Mundial. A 8 de julho de 1998, Davor Suker deixou em suspenso o Stade de France quando fez o que habitualmente fazia: golos.

Naquele caso, o 1-0 para os croatas. Mas o futebol cria heróis do nada e Lilian Thuram era o mais improvável de todos naquele dia. O lateral bisou - os únicos golos da carreira internacional - para virar o jogo e lançar os gauleses para a conquista do planeta futebolístico. A França tornou-se campeã do mundo naquele torneio.

Hoje selecionador, Didier Deschamps era capitão dessa equipa. Levantou o troféu e, se neste domingo voltar a tocá-lo após o apito final, igualará Mario Zagallo e Franz Beckenbauer, um brasileiro e um alemão que são os únicos que conseguiram o ceptro em campo e no banco.

França e Croácia vivem o presente em Moscovo, mas deitam um olho ao passado que, no caso destas duas seleções, não podia ser mais oposto.

A França tem currículo, mas tem um fantasma também. A final do Euro 2016 perdida em casa para Portugal. Restam nove jogadores desse grupo. Para além de Deschamps. A possibilidade de novo insucesso paira no ar para uma equipa habituada a olhar de cima para quase todos os rivais.

Ainda assim, o futebol deu uma segunda oportunidade àqueles nove futebolistas e ao selecionador. A França apresentou-se em 2018 melhor em todos os setores e tem um nome que marca a principal diferença para a seleção de há dois anos: Kylian Mbappé.

A Croácia não tem currículo, nem fantasmas, mas tem mais um jogo nas pernas. A seleção está pela primeira vez numa final depois de ter tomado o caminho mais longo para lá chegar.

Nunca ninguém jogou tanto para disputar o derradeiro encontro de um Mundial como esta equipa liderada por Luka Modric em campo e Zlatko Dalic no banco. No fundo, com três prolongamentos disputados, os Vatreni fizeram mais um jogo que os bleus.

Já se sabe o que acontecerá em Moscovo neste domingo após o jogo. Haverá quem chore de tristeza. Haverá quem se estenda no chão, impotente perante o resultado da mais importante batalha. Haverá solidão. E haverá euforia. Punhos cerrados para acertar na atmosfera com um salto de felicidade pela vitória. Haverá quem chore de alegria também.

Os franceses são favoritos, as probabilidades estão do seu lado, como era mais provável que, em 1998, Suker marcasse e Thuram não. Como o futebol era uma coisa estranha há 20 anos, o gaulês marcou mais um que o croata. E como o futebol é uma coisa estranha ainda hoje, a grande festa dele deixa a Rússia e começa a viajar… para o Qatar. Resta saber, quem leva a taça.