O penúltimo dia do Mundial 2018 consagrou a melhor seleção belga da história dos mundiais. No jogo mais ingrato da prova, que serve para atenuar as dores de quem ficou às portas da final, os diabos vermelhos venceram a Inglaterra por 2-0 e subiram ao último degrau do pódio.

Comandada por um espanhol (Roberto Martínez), uma Bélgica recheada de estrelas superou o quarto lugar alcançado pelos compatriotas há 32 anos, abatidos nas meias-finais do México'86 pelo talento de um tal Diego Armando Maradona.

O Mundial 2018 trouxe uma Bélgica romântica, agressiva e implacável. Os desempenhos de Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku e de Eden Hazard, atestados pelos 16 golos e por seis vitórias em sete jogos comprovaram-no. Depois da queda frente à vizinha França nas meias-finais, o último lugar do pódio, ainda que não deixe de ser histórico, talvez acabe por ser um prémio de consolação curto para quem jogou tanto durante quatro semanas.

Neste sábado, diante de uma Inglaterra que dias antes chegara à terceira meia-final do da história – e que, segundo o técnico Gareth Southgate, superou as expetativas – prevaleceu a lei do mais forte. A Bélgica, que até este Mundial só por uma vez tinha batido os ingleses em mais de 20 jogos, levou a melhor nas duas ocasiões em que mediu forças com a seleção dos três leões. Não pode ser coincidência, assim o percurso de Hazard, Lukaku, De Bruyne e companhia não o foi.

A partir de agora, o Mundo passará, definitivamente, a olhar para a Bélgica com outros olhos.

FIGURA DO DIA: Eden Hazard. O criativo da Bélgica fechou o Mundial 2018 com mais uma exibição de encher as medidas. Hazard encerrou a competição com três distinções de melhor em campo, três golos e duas assistências nos sete jogos realizados pelo terceiro classificado. Após a vitória sobre a Inglaterra, onde voltou a marcar e foi eleito o homem do jogo, perguntaram-lhe a quem daria o prémio de melhor jogador do Mundial: «A mim», respondeu entre risos. Presunção ou brincadeira, a verdade é que houve poucos ao nível dele.

FRASE DO DIA: «Quarto lugar está acima do que valemos atualmente.» Há 28 anos que Inglaterra não chegava tão longe num Campeonato do Mundo. Depois de décadas de prestações desapontantes, Gareth Southgate conduziu a seleção dos três leões, uma das mais jovens na Rússia, às meias-finais da prova. Após a derrota com a Bélgica no jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares, o técnico inglês reconheceu que Inglaterra superou as expetativas. Uma prova de humildade.

IMAGEM DO DIA: Pickford nega o golo do Mundial 2018. Os 18 segundos de duração do ataque belga entre o minuto 79 e 80 do jogo com a Inglaterra poderão ser usados por si no futuro quando alguém lhe perguntar como jogava a Bélgica de 2018: as transições rápidas foram uma marca registada da equipa de Roberto Martínez neste Mundial e foi desta forma que os «diabos vermelhos» agarraram neste sábado o último lugar do pódio. Minutos antes do 2-0 apontado por Eden Hazard, a Bélgica esteve perto de forjar aquele que seria possivelmente o golo do Mundial, não só pela finalização de Meunier mas pela forma como toda a jogada se desenvolveu: desde a recuperação de bola de Dembélé até ao remate do lateral belga travado de forma brilhante por Jordan Pickford foram 18 segundos e dez passes, primeiro a sair da zona de pressão inglesa e depois sempre em progressão e várias vezes ao primeiro toque. Notável!