Vladimir Stojkovic já deixou o Sporting há dez anos, mas continua a ter um fraquinho por Portugal. Surge na zona mista do Sérvia-Brasil com um ar desalinhado, olha muito fixamente a pessoa com quem fala (o que é raro nos jogadores), responde de uma forma direta e muito sintética.

Impõe respeito, no fundo.

Quando se chama por ele, pergunta se somos jornalistas brasileiros. «Portugueses», respondemos. «Ah, Portugal», atira, sem mostrar nenhum desconforto.

«O meu português está um pouco mau, não tenho praticado», acrescenta, enquanto pede para falar em inglês. Algumas respostas vêm em português, porém.

«Tenho o meu sobrinho no Sporting, que joga na equipa B, tenho o meu irmão, tenho a mulher do meu irmão, todos vivem em Portugal. Talvez eu regresse para passar férias», refere.

«Talvez vá a Lisboa na próxima semana para ver o meu sobrinho e o meu irmão. Já estive em Lisboa quando foi o dérbi com o Benfica, que terminou 1-1 com um golo do Benfica no fim, de livre [marcado por Lindelof, em abril de 2017]. Fui a um centro comercial onde havia muitos adeptos do Sporting, eles viram-me, reconheceram-me, mas não vieram falar comigo.»

Ora o Sporting é um bom tema de conversa. Até porque o sobrinho, também ele Vladimir Stojkovic e também ele guarda-redes, joga no clube leonino. Representou a agora extinta equipa B e vai jogar no campeonato sub-23.

«Não sei onde o meu sobrinho pode chegar. Já ouvi dizer que a situação no Sporting não é boa neste momento», sublinha.

«É um grande clube, com grandes equipas, não sei de facto o que se passa com o Sporting, mas desejo toda a sorte ao clube.»

O titular da baliza sérvia está a falar da confusão dos últimos meses em Alvalade. Foi notícia em todo o mundo e todo o mundo sabe que as coisas não estão boas no clube.

Por isso pergunta-se se ficou surpreendido com as notícias que recebeu.

«O que surpreende é que nos últimos dez anos, o Sporting está sempre próximo de ganhar alguma coisa... e no fim nada.»

Stojkovic sabe do que fala. Afinal de contas ele próprio esteve metido em algumas confusões em Alvalade. Esteve metido sobretudo numa confusão, aliás: desentendeu-se com Paulo Bento e perdeu a titularidade para Rui Patrício, que na altura tinha apenas 19 anos.

Foi o internacional português que jogou a maior parte da época, aliás, o que deixou Stojkovic muito chateado. Afinal de contas tinha sido contratado para ser titular. No final da época saiu.

«O que acho de Rui Patrício? É um bom rapaz, um bom guarda-redes. Não estou em Portugal para falar dele, porque não sei exatamente qual é a situação no clube, se houve mais problemas no passado, não sei.»

Percebe-se que está a falar da rescisão unilateral do contrato.

«Mas ele é um bom guarda-redes, construiu uma carreira forte no Sporting ao longo dos últimos dez anos e desejo-lhe o melhor agora para a sua carreira na Liga Inglesa.»

Depois de sair do Sporting, Stojkovic passou por vários clubes. Wigan e Nottingham Forest, de Inglaterra, Maccabi Haifa, de Israel, Ergotelis, da Grécia, e sobretudo Partizan, da Sérvia.

No clube de Belgrado, rival do Estrela Vermelha onde foi formado, jogou cinco temporadas, aliás. Incluindo a última, que lhe permitiu manter a titularidade da seleção. Está no clube para ficar?

«Não sei qual vai ser o meu futuro. Não sei se vou continuar na Sérvia. Vamos ver.»

Regressar a Portugal, porém, só para férias. Na próxima semana deverá até estar em Lisboa.

Artigo original: 10h17