O milagre está conseguido. A Argentina tem direito a uma segunda vida neste Campeonato do Mundo, graças a um golo de Marcos Rojo, ao minuto 86. O ex-jogador do Sporting garantiu a vitória sobre a Nigéria (2-1) e consequente passagem aos oitavos de final, na segunda vaga do Grupo D.

No final a festa «albiceleste» teve muitas lágrimas de alívio, bem ilustrativas do aperto em que o gigante sul-americano se meteu. Agora conquistou o direito a recomeçar, e a partir daí tudo é possível.

A referência para o que se segue terá de ser a primeira parte deste jogo. Jorge Sampaoli apostou na experiência, já que o «onze» tinha uma média de idades superior a 30 anos, mas a Argentina conseguiu também apresentar uma intensidade bastante superior à dos jogos anteriores. Tanto na circulação de bola como na reação à perda.

Com Banega junto a Mascherano, para construir, Enzo Pérez apareceu mais pela direita. O ex-benfiquista foi uma espécie de «guarda-costas» de Messi. O capitão jogou solto nas costas de Higuaín, e ao minuto 15 estreou-se a marcar no torneio.

O passe longo de Banega é candidato a melhor assistência do verão, mas o que Messi faz depois também merece ser valorizado ao pormenor: ameaça criar linha de passe entre linhas, e ao ver o central aproximar-se faz um movimento de rutura para receber a bola nas costas da defesa. Domínio de coxa, amortecimento de pé esquerdo e remate cruzado de pé direito. 1-0 para a Argentina e centésimo golo do Mundial.

Muito ativo, Messi ainda atirou ao ferro de livre direto, ao minuto 34, a confirmar a superioridade sul-americana na primeira parte.

Só que logo ao quarto minuto da etapa complementar a Nigéria recolocou-se em posição de apuramento, com Victor Moses a converter um penálti a punir falta (muito discutível) de Mascherano.

Novamente atirada para um estado de ansiedade, absolutamente inibidor, a Argentina não teve clarividência para reagir nos minutos seguintes. Nem mesmo com as entradas de Pavón e Meza.

Aproveitando os erros alheios, a Nigéria teve três ocasiões para consumar a reviravolta, e ainda reclamou um penálti por mão na bola de Marcos Rojo.

O ex-jogador do Sporting escapou a tal penitência e acabou como herói. Sampaoli tinha esgotado as substituições com a entrada de Aguero para o lugar de um defesa (Tagliafico), e saiu premiado. Arriscou com três defesas, e viu o golo construído por dois deles: Mercado cruzou da direita e Rojo apareceu na marca de penálti, a garantir o apuramento de pé direito.