Depois de duas semanas frenéticas, com 48 jogos e 122 golos marcados (média de 2,54 golos por jogo), metade das seleções regressou a casa e a outra metade já prepara os jogos dos oitavos de final. Uma fase de grupos com vários recordes, alguns deles sustentados com a introdução do VAR, como um crescente número de grandes penalidades assinaladas (24), mas também o aumento do tempo de compensação e, por consequência, também um aumento dos golos tardios [depois dos 90 minutos].

Uma primeira fase também marcada pelo adeus da Alemanha, a sustentar a maldição do detentor do título, mas também de todas as seleções africanas, o que já não acontecia desde 1982. A Europa mantém o registo do passado, com dez seleções nos oitavos de final, tal como a América do Sul, com quatro. Mas há mais números para analisar. Neymar e Cristiano Ronaldo, por exemplo, foram os que mais remataram, enquanto Ochoa e Schmeichel foram os guarda-redes que mais defenderam. Venha daí.

Começamos pelo facto de nestes primeiros 48 jogos ter havido apenas um jogo sem golos: França-Dinamarca. Em todos os outros jogos houve, pelo menos, um golo, num total de 122 que correspondem a uma média de 2,56 golo por jogo. Nada mau, tendo em conta que é uma média superior aos Mundiais de 2002 (2,52), 2006 (2,3) e 2010 (2,27), mas ainda inferior ao Mundial de há quatro anos, no Brasil, que contou com uma média de 2,67 golos por jogo.

O inglês Harry Kane é o melhor marcador do campeonato, com cinco golos, mais um golo do que o belga Lukaku e do que o português Cristiano Ronaldo. Neste capítulo, Neymar é o que mais remata, com um total de dezassete pontapés, embora apenas oito deles enquadrados com a baliza, logo seguido por Cristiano Ronaldo (15/7), Toni Kroos (15/5) e Lionel Messi (14/5). A nível de seleções, a Bélgica, com nove golos, é a seleção mais concretizadora, com mais um golo do que a Inglaterra e a Rússia.

Uruguai ainda não consentiu golos

No sentido oposto, o guarda-redes mexicano Guillermo Ochoa foi o que mais defendeu nesta primeira fase, com um total de 17 defesas, à frente do dinamarquês Kasper Schmeichel (14) e do sul-coreano Jo Hyeonwoo (13). A nível de equipas, o Uruguai, próximo adversário de Portugal, é a única equipa que passou pela primeira fase sem consentir golos. França, Dinamarca, Croácia e Brasil também consentiram apenas um. Este pode ser um detalhe importante, uma vez que nas últimas edições as equipas que menos concederam golos acabaram por festejar o título, como foi o caso da Espanha, em 2010, que festejou o título na África do Sul com apenas dois golos sofridos, ou a Alemanha, em 2014, no Brasil, com quatro.

Entre os que mais sofreram golos, destaca-se o Panamá, goleado pela Inglaterra (1-6), com um total de onze golos encaixados, à frente da Tunísia (8) e Arábia Saudita (7).

O número de remates por jogo diminuíu em relação às edições anteriores, com uma média de 24,4 remates por jogo, embora as equipas pareçam estar mais eficientes, com 58 por cento dos golos a serem alcançados no interior da área, um crescimento significativo, comparado com a melhor marca anterior, fixada há quatro anos, no Brasil, com 52 por cento.

Entre os golos marcados, nota-se uma subida acentuada dos golos de bola parada que já chegaram a ser mais de metade do total de golos marcados. Nesta altura a percentagem, segundo os dados disponibilizados pela FIFA, caiu para os 43 por cento, ainda assim bem mais elevada do que nas edições anteriores, uma vez que o anterior máximo, registado há vinte anos, em França, a percentagem era de apenas 38 por cento. A Inglaterra, por exemplo, marcou oito golos, seis deles surgiram em situações de bola parada, pontapés de canto, livres ou grandes penalidades (2) e apenas dois em jogo corrido.

24 grandes penalidades e 20 golos nos descontos

Relacionado com este aumento de golos de bolas paradas está o aumento exponencial das grandes penalidades, 24 até ao momento (18 concretizadas), mais do que as que foram marcadas no conjunto das três edições anteriores (20). Sete destas grandes penalidades foram assinaladas com a intervenção do VAR o que, por sua vez, leva também a um significativo aumento do tempo de compensação, em média, superior a sete minutos, o que também ultrapassa, em mais de 90 segundos, os registos anteriores.

E como se joga mais minutos depois dos noventa, também há um aumento claro dos golos tardios. A Alemanha que o diga, pois consentiu dois na despedida diante da Coreia do Sul (0-2). No total, já foram marcados vinte golos em tempo de compensação, duas vezes mais do que o anterior máximo, também registada no França 1998.

Num balanço feito pela FIFA, nos 48 jogos disputados até ao momento, o VAR já analisou 335 situações, incluindo todos os golos (122). De todos estes casos, dezassete obrigaram a uma revisão do lance e catorze levaram mesmo a alterar a decisão do árbitro. Entre os casos verificados, estão sete grandes penalidades marcadas e outras duas canceladas, dois potenciais cartões vermelhos, dois golos concedidos em fora de jogo e uma por erro de identidade. Entre as decisões confirmadas, um penalty foi concedido e dois anulados.

Abrimos aqui um parenteses para os autogolos, uma vez que neste capítulo o registo também é invulgar: 9 autogolos, tantos como as últimas três edições juntas.

Disciplina: menos faltas e menos expulsões

Dos golos passamos para a disciplina onde também temos números curiosos para destacar. A começar pelo número reduzido de cartões vermelhos, apenas três. O colombiano Carlos Sanchez foi o único que viu um cartão vermelho direto na fase de grupos, acompanhado pelo alemão Boateng e pelo russo Igor Smolinkov que foram expulsos por acumulação de amarelos. Um decréscimo acentuado em relação, por exemplo, aos 9 vermelhos exibidos, há quatro anos, no Brasil e ao recorde de 18 expulsões registadas, na Alemanha, em 2006.

Os cartões amarelos já são 158, uma média de apenas 3,3 cartões por jogo. A verdade é que a média de faltas também é baixa, com apenas 27 infrações por jogo. Ainda assim, o critério disciplinar acabou por salvar o Japão e condenar o Senegal por uma diferença de dois cartões amarelos (6-4).

Ainda no capítulo disciplinar, o argentino Javier Mascherano faz jus à sua imagem ensanguentada no embate com a Nigéria e é o jogador que mais falta fez até ao momento, com onze infrações, mais uma do que o marroquino Nouredine Amrabat e do que o croata Ante Rebic, mais três do que o portista Hector Herrera. Por outro lado, Neymar é o jogador mais castigado pelos adversários em campo, com um total de 17 faltas sofridas, mais uma vez à frente de Cristiano Ronaldo, com 13, e de Lionel Messi, com 10.

Coreia do Sul, com 63 faltas, e Marrocos, com 62, são, de longe, as seleções que fizeram mais faltas, números que subiram nos jogos da última ronda, com a Alemanha e Espanha, respetivamente. Portugal, neste capítulo, fez apenas 42 faltas no total dos três jogos. Quando às faltas sofridas, a Argentina foi a equipa mais massacrada, com um total de 54 faltas, à frente do Panamá (48) e Portugal (46).

África falha oitavos, Europa com dez seleções

Partimos agora para uma análise mais histórica a esta primeira fase, a começar pela surpreendente eliminação da Alemanha quando muitos projetavam que podia ser esta edição que ia repetir um campeão do Mundo, o que já não acontece desde que o Brasil conquistou os títulos de 1958 e 1962. A Mannshaft acabou por cair com estrondo na fase de grupos, tal como já tinha acontecido a quatro dos últimos cinco campeões do Mundo. Lembram-se da Espanha no Brasil? Pior do que isso: a equipa de Joachim Löw foi última classificada do Grupo F, atrás da Suécia, México e Coreia do Sul.

Mesmo sem a Alemanha, a Europa mantém o registo das últimas edições, com dez seleções apuradas para os oitavos de final, igualando os registos de 1998 e 2006, depois de já ter contado com onze associados nos oitavos de final no Itália 1990, o máximo desde que foi implementado o atual formato.

A América do Sul, com quatro representantes, também mantém o registo habitual, ao contrário de África que, pela primeira vez desde 1982, não conta com um representante nos oitavos. Nigéria e Senegal ainda lutaram por uma vaga até aos últimos instantes da última jornada, mas os nigerianos caíram com o pontapé de Rojo, diante da Argentina, enquanto os senegaleses, como já dissemos, caíram apenas por dois cartões amarelos.

Desde 1986, a Europa ocupou 41 das 64 vagas disponíveis para os quartos de final, enquanto a América do Sul ficou com 16, África e Concacaf, três cada, e a Ásia apenas uma. Mais para a frente, dos quartos para as meias-finais, o domínio da Europa é ainda mais acentuado, com as seleções europeias a ocupar 23 das 32 vagas disponíveis. A América do Sul contou com oito representantes, enquanto a Coreia do Sul, em 2002, a jogar em casa, foi a única seleção asiática a chegar às meias-finais. Nesta altura, apenas o Japão, que vai defrontar a Bélgica ns oitavos, está em condições de repetir o feito dos sul-coreanos. A verdade é que o Japão já fez história neste Mundial ao tornar-se na primeira seleção asiática a vencer uma seleção da América do Sul em fases finais, quando, logo na primeira ronda, bateu a Colômbia por 2-1.

Ainda em relação à últimas vinte edições dos Mundiais, a Europa festejou onze vezes, enquanto a América do Sul nove.

Todos os números do Campeonato do Mundo

Jogos: 48 de 64

Golos: 122 em 48 jogos (média de 2,54 golos por jogo)

Assistências (acumulado): 2,2 milhões de espectadores (98% da capacidade)

Testes antidoping: 2,700 testes realizados (cada jogador fez pelo menos um)

Passes completos: 36.346 (média de 757.3 passes por jogo)

ATAQUE

Melhores marcadores

Harry Kane (Inglaterra), 5 golos

Romelu Lukaku (Bélgica), 4

Cristiano Ronaldo (Portugal), 4

Jogadores com mais remates

Neymar (Brasil), 17 remates (8 à baliza)

Cristiano Ronaldo (Portugal), 15 (7)

Toni Kroos (Portugal), 15 (5)

Lionel Messi (Argentina), 14 (5)

Aleksandar Mitrovic (Sérvia), 14 (5)

Seleções com mais golos marcados

Bélgica, 9

Inglaterra, 8

Rússia, 8

Croácia, 7

Espanha, 6

Portugal, 5

Seleções com mais remates

Alemanha, 67 (20 à baliza)

Brasil, 56 (19)

Bélgica, 53 (22)

Espanha, 45 (12)

(…)

Portugal, 32 (9)

DEFESA

Guarda-redes com mais defesas

Guillermo Ochoa (México), 17 defesas

Kasper Schmeichel (Dinamarca), 14

Jo Hyeonwoo (Coreia do Sul), 13

(...)

Rui Patrício, 7

Seleções com mais golos sofridos

Panamá, 11

Tunísia, 8

Arábia Saudita, 7

Egito, 6

(...)

Portugal, 4

DISCIPLINA

Jogador com mais faltas cometidas

Javier Mascherano (Argentina), 11

Nouredine Amrabat (Marrocos), 10

Ante Rebic (Croácia), 10

Milinkovic-Savic (Sérvia), 9

Hector Herrera (México), 8

Aleksanr Golovin (Rússia), 8

Mario Mandzukic (Croácia), 8

Jogador com mais faltas sofridas

Neymar (Brasil), 17

Cristiano Ronaldo (Portugal), 13

Busquets (Espanha), 11

Messi (Argentina), 10

Godoy (Panamá), 10

Seleção com mais faltas cometidas

Coreia do Sul, 63

Marrocos, 62

Croácia, 55

Rússia, 51

(…)

Portugal, 42

Seleção com mais faltas sofridas

Argentina, 54

Panamá, 48

Portugal, 46

Suécia, 45

Arábia Saudita, 45

Cartões vermelhos: só houve três expulsões na fase de grupos (0,006 cartões por jogo).

Cartões amarelos: 158 (3,3 cartões por jogo)

Grandes penalidades: já foram convertidas 18 grandes penalidades, em 24 assinaladas, mas apenas três países marcaram mais do que uma: Austrália, Inglaterra e Suécia, todos com duas.

Autogolos: 9 golos na própria baliza. Tantos como nas últimas três edições anteriores.

Mais números

Mais ataques: Alemanha (252)

Mais passes: Espanha (2089)

Mais defesas: Irão (149)

Mais quilómetros: Christien Erikssen (Dinamarca), 32 quilómetros

Mais passes: Toni Kroos (Alemanha), 310

Jogo com mais passes: Portugal-Espanha, com 997 passes (média do torneio é 757,3)

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