Carlos Queiroz, treinador português que orienta o Irão, com palavras muito duras na conferência de imprensa que se seguiu ao empate com Portugal (1-1), insuficiente para a equipa asiática se apurar para os oitavos de final e na qual o técnico defende que Cristiano Ronaldo devia ter sido expulso

«Tenho uma opinião clara, mas tenho de medir as minhas palavras e ter cuidado para que todos percebam exatamente aquilo que quero dizer. Eu sou o treinador e gostava de saber aquilo que se passa. Mas não sei, ninguém nos autoriza a saber. Quando foi o penálti contra nós, a televisão russa deu cinco ou seis repetições em câmara lenta e quando foi contra Portugal, deu uma repetição. No banco, nós os treinadores, precisamos de saber o que se passa, mas não nos permitem. Por isso, eu tive de sair para ir ver nas televisões da FIFA o que se estava a passar. Nós precisamos de saber, para orientar os jogadores. E esse é o ponto essencial.»

«Eu não quero estar aqui a falar muito sobre o meu país porque vão fazer uma guerra contra mim, mas estou já habituado a ser um homem contra a nação e não tenho problemas com isso. Depois de [Mundial de] África do Sul, já estou habituado a ter o país contra mim e eu contra o país.»

«Mas realidade é que o jogo foi interrompido para ver as imagens, há uma cotovelada e uma cotovelada é cartão vermelho. A lei não diz que se for o Messi ou o Ronaldo é só mais ou menos. É cartão vermelho. Por isso, a questão é que as decisões têm de ser claras para todos. A utilização do VAR não está a correr bem, nós pedimos uma clarificação, mas eles recusam. Quem está a arbitrar o jogo? quem está a tomar as decisões? Nós fizemos três jogos no Mundial, tivemos três estádios cheios na Rússia. Vocês sabem quanto custa aos iranianos vir assistir a um jogo na Rússia? Não acham que eles merecem saber o que se passa?»

«Os erros humanos faziam parte do jogo, mas agora há um sistema que custa uma fortuna, com cinco seis árbitros e ninguém assume responsabilidades. O árbitro no relvado lava as mãos como Pilatos, desculpa-se com quem está a ver, mas esses não sabem quando atuar. Parem ou então façam como no râguebi. Precisamos de fazer como no râguebi, que quando o VAR atua todos ouvem o que está a ser dito. As pessoas precisam de saber.»

«A comunicação não pode ser: atenção há uma cotovelada, mas cuidado porque foi o Ronaldo. Eu não sei foi isto que aconteceu ou não, mas nós precisamos de saber. A verdade não ofende e tem de ser respeitada.»