Não é o Brasil de Pelé e Garrincha. Tampouco é o de Zico, Sócrates e Falcão, nem o de Romário e Bebeto ou o de Ronaldo e Ronaldinho. Este é o Brasil de Neymar, Coutinho e Gabriel Jesus e, sem atraiçoar a sua herança histórica, tem perfil de candidato a campeão do mundo.

Esta tarde, na Arena Samara, o escrete vergou o México, que saiu eliminado nos oitavos de final de um Mundial pela sétima (!) vez consecutiva.

O 2-0 do Brasil só peca por escasso. Ochoa, o jogador que mais defesas fez neste Mundial, voltou a ser o muro mexicano. Neymar, Coutinho e Willian que o digam.

O México entrou forte em jogo, mas a meio da primeira parte já o Brasil dominava e o fulgor azteca dos primeiros minutos, pontuado com «olés» das bancadas, sucumbiria. A resistência mexicana acabaria por quebrar em definitivo só no segundo tempo. Aos pés de Neymar, pois claro.

A estrela da seleção brasileira voltou a ser decisiva, com um golo e uma assistência e aos 51’, numa combinação com Willian, inventou o lance do primeiro golo. Tudo simples: o 10 do escrete atrai os defesas, toca de calcanhar e o seu companheiro de equipa arranca para a área e cruza rasteiro para o próprio Neymar concluir.

Mesmo a perder, o México não teve frescura física nem capacidade tática para travar o domínio do adversário. Juan Carlos Osorio lançou Layún ao intervalo e Jiménez a meia-hora do fim, mas o México só voltaria a ter alguma chama quando Herrera deixou de estar fixo no eixo do meio-campo e se soltou.

Brasil-México, 2-0: ficha e jogo ao minuto

Do lado oposto, sucediam-se as oportunidades de golo. Coutinho, Willian, Neymar, Gabriel Jesus têm espaço de sobra para criar já que atrás de si está um bloco sólido montado por Tite, com a guarda de honra no meio-campo a ser feita por Casemiro e Paulinho, que também aparece em zona de tiro com frequência.

Ochoa foi mantendo o méxico vivo no jogo. Mas este Brasil é candidato sério – talvez o maior – e quis vincar essa condição até ao final. O muro mexicano haveria de quebrar já quase em cima dos 90. Neymar com espaço é problema pela certa e na cara do guardião mexicano chutou de bico para o recém-entrado Roberto Firmino sentenciar o justo 2-0 final.

O «menino Ney» (por vezes infantil até na teatralização de certos lances) derrubou o muro. Tinha a chave dos quartos e conduziu o Brasil para atingir esta fase da prova pela sétima vez nos últimos oito Mundiais. A seleção canarinha é também a única a chegar aos quartos de final nas últimas três edições do campeonato do mundo – e esta tarde ultrapassou ainda a Alemanha como seleção com mais golos em na história dos Mundiais (227).

Num Mundial de surpresas, alguma normalidade: o Brasil já começa a vislumbrar o caminho até Moscovo, para a final no Luzhniki, dentro de duas semanas. Pela frente, irá agora encontrar Bélgica ou Japão – que esta noite, a partir das 19h, se defrontam. Abram alas para este escrete, que tem laivos de samba no seu futebol, lá na frente, mas também disciplina quase militar, lá atrás. Só podia ser assim com uma equipa que pertence aos artistas Neymar, Coutinho e Gabriel Jesus, mas que também é muito de Tite.