É oficial: a Alemanha foi atingida pelo vírus dos campeões mundiais.

Tal como aconteceu com a Espanha em 2014, a Itália em 2010, a França em 2002 ou a Argentina em 1990, o campeão do mundo em título não conseguiu vencer o primeiro jogo que faz nessa qualidade. Sendo que os alemães - como os espanhóis ou os argentinos -, até o perderam.

Por isso ficou a pisar o risco vermelho. Ali com a memória de Espanha, Itália e França a pairar na cabeça: desde que mudou o século, só um campeão - o Brasil, em 2006 - passou da fase de grupos.

Incrível, não é?

Mas enfim, há pouco a contestar neste resultado. Os mexicanos foram melhores e ganharam bem.

Confira a ficha e as notas dos jogadores

O campeão do mundo, esse, foi apenas um convidado para a festa.

É certo que se tornou arriscado falar em convidados quando o assunto são festas dos jogadores mexicanos, mas piadas de gosto duvidoso à parte, não há outra forma de o dizer.

O México chegou ao Estádio Luzhniki, mandou vir toda a gente e deu início à farra. Com muita cor, cânticos, entusiasmo, mulheres bonitas e futebol. Sobretudo futebol.

Os mexicanos encararam esta estreia no Mundial de faca nos dentes e sangue nos olhos. Dispostos a dar a vida por uma vitória, se fosse preciso. Desde o início que tinham muito claro o que era preciso fazer: ser uma equipa compacta, solidária e explorar a velocidade nas saídas para o ataque.

A fórmula era quase sempre a mesma: os jogadores procuravam a referência Chicharito Hernández e este combinava com quem aparecia no apoio, para juntos saírem disparados como foguetes.

Podia ser através de classe de Carlos Vela, da velocidade de Lozano, da omnipresença de Herrera ou da capacidade de remate de Layún. Pouco importava o meio, revelante mesmo era o fim: a baliza de Manuel Neuer, que desde o primeiro minuto ficou sob aviso para o perigo que eram os mexicanos.

Antes de Lozano abrir o marcador, numa excelente jogada sobre Ozil, já Chicharito Hernández e Layun tinham aparecido isolados na cara de Neuer, não conseguindo dominar a bola. Já o mesmo Layun, também, mais Guardado, Chicharito e Herrera tinham rematado com perigo.

Por isso o golo do México não foi propriamente uma surpresa.

Herrera esteve em todo o lado: veja os destaques do jogo

Foi antes o desfecho óbvio para uma grande primeira parte, sempre em grande velocidade, com dinâmica, incerteza, emoção e muito barulho nas bancadas. Um verdadeiro jogo de Mundial.

No segundo tempo as coisas mudaram ligeiramente, a Alemanha instalou-se no meio-campo adversário e dominou o jogo, sobretudo depois de Juan Carlos Osorio trocar Carlos Vela por Aquino, deixando Herrera como homem mais adiantado no apoio a Chicharito.

Era um sinal para defender e o México defendeu. Defendeu muito, defendeu com tudo, defendeu com a alma inteira. Por isso a Alemanha carregou, carregou, carregou, mas só ameaçou mesmo num remate de Kroos, numa bicicleta de Kimmich e num tiraço a rasar o poste de Brandt.

O México também podia ter marcado num ou outro contra-ataque, é verdade, mas não foi preciso. A equipa ganhou num grande jogo de bola, daqueles que ficam para a história dos Mundiais.

Ganhou bem, está de parabéns. Pode seguir para a festa.