É um caso de amor incondicional: os The Gift estão sempre com a Seleção Nacional.

Ou pelo menos parte da banda.

Nuno Gonçalves, John Gonçalves e Miguel Ribeiro não falharam um Europeu ou um Mundial desde 2004. Estiveram na Alemanha, em 2006, na Suíça e na Áustria, em 2008, na África do Sul, em 2010, na Polónia e na Ucrânia, em 2012, no Brasil, em 2014, e na França, em 2016.

De fora destas contas fica a vocalista Sónia Tavares, que só vai quando há concertos.

Ora os três do costume já estão em Sochi, onde chegaram ontem e de onde partem esta madrugada. Esta noite vão marcar presença no Fisht Stadium e vibrar como sempre pelas cores nacionais.

«Vamos ver o jogo de hoje em Sochi, viajamos ainda de madrugada, porque tocámos amanhã em São Petersburgo, depois voltámos para Moscovo, temos dois dias de imprensa, entrevistas e participações, dia 19 tocamos em Moscovo, e depois vemos o Portugal-Marrocos. Não podemos ver o jogo de Saransk porque temos um concerto em Vila Real, mas esperamos voltar se Portugal seguir em frente e ficar até à final», conta Nuno Gonçalves ao Maisfutebol.

Pelo meio vão aproveitar a presença na Rússia para dar dois concertos. O primeiro no icónico museu Erartra, em São Petersburgo, e o segundo no histórico clube 16 Tohh, em Moscovo. Por isso vão juntar-se a eles entretanto Sónia Tavares e os convidados Paulo Praça e Mário Barreiros.

«Até agora aconteceu em dois Mundiais juntar Gift e Seleção. Aconteceu em 2006, quando tocámos em Berlim, Colónia e em mais algumas cidades. E aconteceu agora na Rússia. Há muito tempo que queríamos explorar o mercado russo. Calhou haver datas coincidentes com o Mundial e acabámos juntar o útil ao agradável.»

Quando não é possível juntar o útil ao agradável, porém, vão apenas pelo agradável: vibrar com os jogos da Seleção Nacional. Mesmo que não seja possível tocar.

«Já acompanhámos a Seleção desde 2004, desde o primeiro Europeu que desfrutámos nos estádios, precisamente em Portugal. Acaba por ser interessante porque o grupo que faz estes mundiais é um grupo de infância. De dois em dois anos passámos umas semanas juntos. Estamos aqui a relaxar, a rir e a aproveitar o futebol como ele deve ser vivido, com paixão e boa disposição.»

Nuno, John e Miguel juntam-se com mais três amigos de Alcobaça, dos tempos da escola primária, e correm mundo atrás da Seleção Nacional. Mas porquê esta paixão pela Seleção?

«Acho que vem desde 1984, desde o célebre jogo de Marselha, em que perdemos com a França. Ficou ali uma mágoa, mas ficou também um orgulho em vibrar com Portugal. Os Europeus e Mundiais têm dois dados muito interessantes», começa por dizer.

«Por um lado, significavam o fim da escola e as férias de verão, os jogos de futebol, a coleção dos cromos, as brincadeiras. Por outro lado, eu nasci no final dos anos 70 e habituei-me a não ver Portugal nas grandes fases finais. Mas nas últimas duas décadas estamos sempre lá, a Federação fez um trabalho fortíssimo, temos gerações brilhantes de jogadores e o nosso orgulho aumenta muito. Isto em termos pessoais representa um investimento enorme, mas vale a pena.»

Os três músicos têm clube e têm uma paixão pelo futebol, mas garantem que nada é maior do que o amor à Seleção Nacional: é nessa altura que se sentem mais próximos do que nunca.

«Eu tenho clube, claro, sou do Sporting, nos últimos dez anos também acompanhei o Real Madrid e o grande boom português no Real Madrid. Mas a Seleção foi sempre o que me fez desfrutar mais», conta um dos lideres da banda.

«Acaba por ser interessante porque quando na banda somos do Sporting e do Benfica, mas quando vamos no autocarro em tempo de Mundiais e Europeus vamos a torcer pelo menos e a falar com grande entusiasmo de algo que nos faz verdadeiramente vibrar.»

Pelo caminho garantem que só vão parar de seguir a Seleção quando Portugal for campeão do mundo. É esse o sonho que alimentam e que o faz gastar muito dinheiro com esta paixão.

«O que falta é só mesmo a douradinha: a taça de campeão do mundo. Por muitas Champions que existam, não há taça como aquela. Mas estou motivado. Acho que temos uma grande seleção, fortalecida por ter sido campeã europeia, acho que tem tudo para correr bem. Vamos ver», diz.

«Ainda ontem ao jantar estávamos a falar que não se ganha um Mundial sem passar por prolongamentos, sem passar por penáltis, sem passar pela bola que bate no poste e entra. Portanto um campeão faz-se também de uma pontinha de sorte e esperamos que Portugal tenha essa sorte.»

Para depois poderem descansar.

«Quando Portugal for campeão, já dissemos que aproveitamos as fases finais para curtir de outra forma. Vamos duas semanas para Ibiza e desfrutamos dos jogos nos bares.»