Riga. Há quase 13 anos que Portugal não joga ali. A fase de qualificação europeia para o Mundial 2018 entra na «segunda volta», com a seleção nacional a visitar a capital da Letónia, nesta sexta-feira, às 19h45.

Um jogo que, no calendário, foi colocado neste mês de final de temporada e representa uma das duas deslocações mais complicada que os campeões europeus ainda têm de fazer no apuramento.

Com a Suíça a três pontos e na liderança do Grupo B, Portugal «não pode vacilar», como indica Jorge Andrade à MF Total, do Maisfutebol.

O antigo internacional português esteve em campo da última vez que a seleção visitou os letões. Uma partida que significou o primeiro golo mundial de Cristiano Ronaldo.

Jorge Andrade não só estava lá, como foi decisivo para esse 1-0, num jogo que ficou marcado por um episódio com uma mulher.

«O calendário ficou um pouco mau»

Quando se olha o programa de jogos que a seleção vai ter até ao final do apuramento, há três jogos que sobressaem. O último, em casa com a líder Suíça, a ida à Hungria e este próximo. Obviamente, todos os jogos encerram dificuldades, mas no campo teórico estes têm um grau de exigência maior.

Com a equipa helvética no topo e já com um triunfo sobre a Hungria, em Budapeste, a situação portuguesa aponta para o encontro que fecha a qualificação. Ou seja, pelo menos chegar ao derradeiro encontro e depender apenas do triunfo próprio para chegar à Rússia.

«O calendário ficou um pouco mau por causa do primeiro jogo. A equipa ainda estava a vir do êxito do Europeu, alguns jogadores não estavam, como o Cristiano Ronaldo e perdeu-se a possibilidade de começar bem», analisou Jorge Andrade.

«Tivemos de ir atrás, mas vamos recuperar e atingir o objetivo. Espero que seja de forma direta», acrescentou o antigo defesa central.

A equipa viaja com a pressão de conquistar três pontos para manter a melhor das possibilidades existentes neste momento em aberto. Conforme considerou Jorge Andrade, «Portugal tem de fazer o seu caminho e depois esperar».

Esperar pelo último encontro, ou que os helvéticos escorreguem. Ainda assim, a seleção terá de contar que os suíços sejam eficazes e mantenham-se cem por cento vitoriosos.

Por isso é que a atenção deve estar apenas e só centrada na equipa nacional.

«Já vencemos a Letónia cá e vamos tentar repetir a vitória. Estamos na máxima força, já não há compromissos de clubes, a época acabou nesse sentido, por isso, está tudo focado na seleção», sublinhou Jorge Andrade.

Ainda assim, o antigo internacional português reforçou que «o papel de Fernando Santos é fundamental para todos estarem focados, porque não podemos vacilar».

«O onze inicial não me preocupa»

O encontro desta sexta-feira é disputado depois de mais uma longa temporada. É de frisar que os internacionais portugueses jogaram até tarde no verão passado e, como sempre sucede, tiveram o desgaste de mais uma época clubística.

Jorge Andrade diz, porém, que a situação é normal: «Os jogadores conseguem gerir, o próprio Cristiano Ronaldo descansou bem mais esta época. Para além disso, eles sabem que isto é uma seleção, ou seja, se não estiverem bem, outro vai fazer esse papel. Há jogos em que uns estão mais ativos do que outros e depois sucede o contrário. Mas o que importa mesmo é que estão cem por cento focados na seleção.»

Haver «outro que vai fazer esse papel» significa que o selecionador tem opções válidas. Terá, portanto, de saber escolhê-las. Jorge Andrade relativiza, no entanto.

«Não me preocupa a equipa, o onze inicial, porque há uma base criada. O Fernando Santos tem várias formas de jogar e por isso o nome dos titulares não é importante. O que importa é respeitar a tática e estratégia», comentou à MF Total.

O golo de Ronaldo e uma jovem a abraçar Nuno Valente

A Letónia foi o adversário da ressaca do Euro 2004. Uma ressaca emotiva, não só pelo resultado final, como pela despedida de Rui Costa e de Luís Figo ter decidido autossuspender-se da seleção.

Fernando Couto também não fora convocado para a partida de Riga, e antes do jogo, a federação informou que ninguém jogaria com o 5, o 7 e o 10.

Apesar desse momento, Jorge Andrade disse que o discurso de Luiz Felipe Scolari foi fundamental para a abordagem ao encontro, que resultaria num triunfo por 2-0: Cristiano Ronaldo e Pauleta, aos 57 e 58 minutos.

«Em 2004, encarámos o jogo com muita cabeça. Era o primeiro da fase de qualificação para o Mundial. O Europeu já tinha passado e recordo-me de o selecionador sublinhar isso mesmo», recordou o ex-defesa.

«Jogámos até num bloco mais baixo do que habitual, tivemos algumas ocasiões de bola parada. Depois marcámos», continuou.

O jogo ficaria marcado por três dados. A vitória portuguesa, o 1-0 e o momento em que a partida foi interrompida. «Lembro-me que esse jogo foi aquele em que uma jovem que entrou em campo e foi dar um abraço ao Nuno Valente», riu Jorge Andrade. Diga-se que a rapariga em causa usava uns calções bem curtos, um par de meias, calçado e… nada mais.  

Falta então explicar o motivo pelo qual o 1-0 é um marco com alguma relevância. Cristiano Ronaldo foi o autor e esse golo foi o primeiro do atual capitão a contar para um Campeonato do Mundo.

Por causa da ausência de Figo e do 7, «Cristiano Ronaldo jogou com o 17» como acontecera já no campeonato europeu.

Cristiano Ronaldo frente à Letónia em 2004

Jorge Andrade recua até ao Ronaldo desses tempos iniciais na seleção: «Depois do Euro 2004, começou a ser titular sempre, também pela baixa do Figo durante a qualificação e a do Rui Costa. O Cristiano transformou-se, hoje é um jogador de eficácia. Naquela altura era um rapaz sempre disponível para ter a bola e decidir na capacidade individual.»

Curiosamente, Jorge Andrade estava na área quando o CR7 apontou o 1-0. «Lembro-me bem do golo! Eu chutei à baliza, a bola bateu num defesa e na recarga ele depois marcou. É normal, ele chuta melhor do que eu.»

Resta saber se o capitão repete o gesto e a seleção o resultado. Começa às 19h45, aqui.