O Brasil arrasou a Coreia do Sul do português Paulo Bento na primeira parte para garantir vaga nos quartos de final do Mundial 2022 e o encontro com a atual vice-campeã do mundo Croácia, que horas antes eliminou o Japão nos penáltis. Ao intervalo havia 4-0. Acabou com 4-1. A goleada podia ter sido maior. Mas os sul-coreanos também deram réplica.

Nos regressos de Danilo e Neymar, o Brasil deu um autêntico vendaval ofensivo no Estádio 974, que recebeu esta noite o sétimo e último jogo antes de ser desmontado no final da prova. De Paqueta a Richarlison, passando pelo talento de Vinícius Júnior, Neymar e Raphinha.

Foi deste quinteto, aliás, que surgiram os quatro golos de uma primeira parte histórica: começou Vinícius Júnior e seguiram-se-lhe Neymar, Richarlison e Paqueta. As jogadas do 3-0 e do 4-0, sobretudo a do 3-0 de Richarlison, vai direta para o livro de grandes momentos deste Mundial.

Muito espaço dado por uma Coreia do Sul que tentou atacar com muita gente, contra-ataques letais e tanto talento para algo que já não se via há 68 anos: quatro golos do Brasil e igual vantagem numa primeira parte de um Mundial. Só tinha acontecido em 1954, quando a canarinha fez o mesmo em 45 minutos ao México, na fase de grupos.

Sem laterais-esquerdos de raiz (Alex Telles e Alex Sandro) e ainda Gabriel Jesus, Tite, que tinha rodado a equipa ante os Camarões já com o apuramento garantido, voltou às opções principais e mudou dez jogadores face à derrota com os africanos. Um privilégio e uma maior frescura física de que Paulo Bento não dispôs num intervalo de três dias – que criticou na véspera – depois da sofrida vitória sobre Portugal.

Antes do estádio, foi a Coreia abaixo

No oitavo encontro da história entre as seleções – o primeiro numa grande competição – a Coreia do Sul cedo foi abaixo, antes do estádio. Sete minutos bastaram numa jogada iniciada por Raphinha e que passou por Casemiro e Paqueta até ao cruzamento do extremo do Barcelona para Vinícius Júnior aparecer concluir ao segundo poste: nota para as movimentações de Richarlison e Neymar, que arrastaram toda a defensiva sul-coreana.

 

Tudo se complicou antes do quarto de hora, quando Richarlison se antecipou a Jung Woo-Young e sofreu falta para um penálti que Neymar bateu com calma e classe, deixando Kim Seung-Gyu pregado ao centro (13m). Golo com história, a igualar Pelé e Ronaldo como o terceiro brasileiro a marcar em três edições diferentes do Mundial.

O samba acentuou o pesadelo asiático ao minuto 29, num golo candidato a melhor do Mundial: Richarlison ganhou o lance a Hwang In-Beom com dois toques de cabeça, dominou na relva e depois foi tudo ao primeiro toque com Marquinhos e Thiago Silva até à devolução para o 3-0 do avançado do Tottenham. Geometria pura, classe total. Até Tite fez a «dança do pombo».

Mas o 4-0 não demorou e não lhe ficou atrás. Sobrou espaço para o contra-ataque de Richarlison, Neymar e Vinícius Júnior até ao cruzamento picado para Paqueta concluir de primeira (36m).

Houve oportunidades para o 5-0 antes do intervalo e, se a goleada podia ter sido maior, a Coreia reduziu distâncias na segunda parte com um belo golo de Paik Seung-Ho e podia ter marcado mais.

Mas houve Alisson

No meio do espetáculo do Brasil, Alisson também brilhou na baliza. Na primeira parte, voou para uma defesa espetacular a Hwang Hee-chan e fez outra mancha ao avançado do Wolverhampton. Na segunda parte, já depois de ganhar um duelo a Heung-min Son (47m), voltou a evitar o golo a Hwang (68m). Sofreu, por fim, o 4-1, antes de dar lugar a Weverton nos minutos finais, para outro dado histórico.

Do quinteto que fez furor na frente, só Raphinha ficou em branco e não foi por falta de ocasiões, mas Kim Seung-Gyu também disse presente.

No final, ordem e progresso para os quartos de final, num triunfo não só, mas também por Pelé: no final, no relvado, os jogadores mostraram uma faixa em apoio ao «Rei».