Segunda-feira, 10h00 da manhã. A ressaca do Espanha-Alemanha ainda se fazia sentir e o Camarões-Sérvia não parecia o jogo ideal para esquecer a última noite - o melhor aparentava ser ficar na cama.

Puro engano. Camaroneses e sérvios proporcionaram, para já, o jogo mais entusiasmante do torneio. Duas reviravoltas, seis golos (um deles foi um golaço) e uma exibição de gala de Vincent Aboubakar, o Leão que a seleção dos Balcãs foi incapaz de domar. 

3-3. Jogaço! 

Depois de ambas terem perdido o jogo inaugural do grupo G, a Sérvia entrou melhor no encontro e viu Mitrovic desperdiçar o que normalmente não falha. A sorte também protegeu a equipa de Rigobert Song, que não contou com Onana, ausente por questões disciplinares.

Nada fazia prever o golo dos Camarões. Mas é por isso que o futebol é fascinante, certo? Aos 29 minutos, Nkoulou subiu mais alto que a defesa adversária e assistiu o colega de defesa, Castelletto, para o 1-0.

A Sérvia sentiu o golo sofrido e deixou de chegar com perigo junto da baliza de Epassy. No entanto, um lance de bola parada cobrado por Tadic e finalizado com eficácia por Pavlovic devolveu a esperança aos sérvios.

O «carrasco» de Portugal na fase de apuramento para este Mundial empolgou-se enquanto Camarões já pensava no intervalo. Anguissa perdeu à entrada da área e Zivkovic assistiu Milinkovic-Savic (é de classe mundial) para um pontapé de pé esquerdo que só parou no fundo da baliza contrária.

Um hino ao futebol antes de Aboubakar carregar uma nação às costas

Em vantagem no marcador, a seleção sérvia jogou com outra fluidez. A bola circulou mais rápido, os passes saíram quase sempre certos, enfim, tudo pareceu fácil e natural. A jogada do 3-1 é sintomática: Mitrovic lançou Kostic, este cruzou para Milinkovic-Savic que assistiu Zivkovic. O ex-Benfica driblou um adversário e serviu Mitrovic para um golo fácil.

O 1-3 parecia ter atirado Camarões ao tapete. Os «Leões Indomáveis» pareciam derrotados apesar de ainda faltarem 35 minutos para o final. Volvidos dois minutos, Rigobert Song lançou Vincent Aboubakar.

O talento do ex-FC Porto é inegável pese o corpo já não o permita explanar toda a sua qualidade. Ainda assim, o avançado do Al Nassr foi capaz de carregar os camaroneses às costas. Foi, no fundo, o único Leão que não se deixou domar.

Em dois minutos, dos 62 aos 64, Aboubakar «inventou» dois golos. O primeiro foi finalizado por ele próprio com um chapéu sensacional a Milinkovic-Savic e depois, não satisfeito, serviu Choupo-Moting para o 3-3.

A Sérvia, que foi puxada do céu por Aboubakar, ainda se reergueu e ameaçou o 4-3 por Mitrovic. Em ambas as ocasiões, o goleador do Fulham não foi capaz de voltar a bater Epassy.

Ninguém merecia perder. Só perdeu quem não viu.