A seleção de Marrocos está em segurança em Conacri depois de uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos militares locais. 

«A equipa está segura e alojada num hotel que se localiza um pouco longe da zona de tensão. As autoridades marroquinas estão a trabalhar para evacuar a equipa hoje. Um avião já está no aeroporto para essa operação», partilhou Mohamed Makrouf, um funcionário da Real Federação Marroquina de Futebol (FRMF), à agência francesa AFP.

Tiros de armas automáticas foram ouvidos esta manhã no centro de Conacri, onde estão localizados o palácio presidencial, as instituições e os escritórios comerciais, tendo sido visíveis muitos soldados nas ruas, de acordo com relatos de várias testemunhas à AFP.

O selecionador de Marrocos, Vahid Halilhodzic, confirmou a veracidade dos relatos e reiterou a intenção da comitiva deixar a Guiné-Conacri.

«Estamos no hotel e ouvimos tiros por todo o lado. Estamos à espera de autorização para sair para o aeroporto, mas, de momento, não podemos sair. Temos um avião à nossa espera, mas não estamos autorizados a partir. A viagem até ao aeroporto demora entre 45 a 60 minutos. No entanto, quando se ouvem tiros no exterior, então a segurança não é 100 por cento garantida», disse, em declarações ao L'Équipe. 

As forças especiais da Guiné-Conacri afirmaram este domingo ter capturado o presidente Alpha Condé, dissolvido as instituições e o Governo e encerrado as fronteiras, num vídeo enviado à AFP, enquanto o Ministério da Defesa diz ter repelido a tentativa de golpe.

Nos últimos meses, a Guiné-Conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-Bissau e é um dos mais pobres do mundo, apesar de ter consideráveis recursos, encara uma profunda crise política e económica, agravada pela pandemia de covid-19.

O presidente Alpha Condé, de 83 anos, foi reeleito no ano passado para um terceiro mandato, considerado inconstitucional pela oposição, gerando meses de tensão e dezenas de mortes num país acostumado a confrontos políticos sangrentos.

A tentativa de golpe de Estado coloca em dúvida a realização do jogo entre Guiné e Marrocos, na segunda-feira, às 17h00, no Estádio Général Lansana Conté, em Conacri, da segunda jornada do grupo I da zona africana de qualificação para o Mundial2022.

A Confederação Africana de Futebol e a FIFA ainda não se pronunciaram sobre um possível adiamento do jogo, no qual deveria estar o marroquino Adel Taarabt, jogador do Benfica.

[artigo atualizado às 18h31]