Selecionador da Coreia do Sul, o português Paulo Bento criticou o pouco tempo de descanso entre jogos no Mundial 2022, na véspera de defrontar o Brasil, nos oitavos de final.

«Não me lembro de algo assim. Estive a ver o que sucedeu em 2018 e não me lembro de haver jogos com 72 horas de diferença entre eles. Houve quatro ou cinco dias, mas não 72 horas. É desumano, não é justo», disse, citado pela Lusa, na conferência de imprensa de antevisão ao encontro.

A Coreia do Sul venceu Portugal na sexta-feira e esta segunda entra já em campo. «Temos de viver com esta realidade que a FIFA pretende, que é criar menos condições para quem já tem menos condições, e mais condições para quem já tem mais. Já é difícil competir contra uma grande seleção como o Brasil, para mim o mais forte candidato a ser campeão do mundo, mas com estes constrangimentos mais difícil será a nossa tarefa. No entanto, vamos tentar e não vamos desistir», prosseguiu Paulo Bento.

O técnico assumiu que a preparou o jogo «através do vídeo», precisamente pela falta de tempo, pois «é impossível preparar um jogo destes no campo, jogando após 72 horas». Paulo Bento completou: «Ninguém o consegue fazer, após o desgaste físico e emocional que tivemos no jogo anterior. Cria um constrangimento grande às equipas, e a nós mais do que ao Brasil, pela forma como a equipa brasileira mexeu na equipa no último jogo.»

A questão Neymar vista por Paulo Bento

O técnico continuou a abordagem à partida desta segunda-feira e não tem dúvidas sobre o favorito.

«Se fôssemos disputar um campeonato de muitas jornadas com o Brasil, eles ficariam sempre à nossa frente. Num só jogo, o Brasil tem muitas possibilidades na mesma, mas nós também passamos a ter mais possibilidades. Não temos nada a perder. O objetivo é difícil, mas é aliciante e teremos de tentar», disse Paulo Bento.

«Em muitos momentos, vamos jogar mais perto da nossa área e temos de aceitar isso com naturalidade, porque o adversário nos vai obrigar a tal. No entanto, vamos lutar até ao limite das nossas forças, como temos feito até aqui. Gostamos de competir e nunca desistimos, como já provámos»

Neymar pode regressar ao onze do Brasil após ter-se lesionado no primeiro encontro do Mundial 2022. «Seríamos hipócritas se disséssemos que era melhor o Neymar jogar, mas, sendo justo e verdadeiro, prefiro sempre que os melhores jogadores estejam presentes nos jogos. Compete-nos fazer o melhor jogo possível, para competir contra uma grande equipa, recheada de talento e que, agora, acrescenta organização e intensidade à sua qualidade individual», assumiu Bento.