As autoridades francesas admitem que Paris e outras cidades registem desacatos devido ao jogo desta quarta-feira entre França e Marrocos, das meias-finais do Mundial 2022, seja qual for o resultado, o que já motivou o anúncio de reforço policial pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, entre apelos ao encerramento dos Campos Elísios.

Em paralelo com o jogo que se disputa no Qatar, metade dos 10 mil agentes destacados em França vai estar na região de Paris (2.200 especificamente na cidade) e outra metade distribuída pelo resto do território, num dia em que as autoridades francesas admitem a hipótese de problemas na capital e noutras cidades.

Estima-se que haja em França entre 500 a 700 mil cidadãos marroquinos, com muitos a terem dupla nacionalidade, sendo esta considerada a segunda maior comunidade estrangeira em França, logo a seguir aos argelinos e sendo mais numerosa que os portugueses.

Após o jogo Marrocos-Portugal do passado sábado, ganho pelos marroquinos, registaram-se cenas de vandalismo na Avenida dos Campos Elísios, centro de todas as celebrações em Paris, acentuadas com o triunfo da França sobre a Inglaterra, horas mais tarde, no mesmo dia, para o qual estavam destacados 1.500 agentes na cidade.

 

Devido à repetição de ataques a lojas, a autarca do oitavo bairro da capital, Jeanne d'Hauteserre, pediu que fosse encerrada a zona. O Governo não aceitou este pedido, mas Gérald Darmanin anunciou que a polícia vai, esta noite, optar por um dispositivo móvel com capacidade de agir rapidamente, não descartando a hipótese de reforço para domingo, dia da final do Mundial.

Ao contrário do que também foi pedido localmente, as estações de metro vão continuar abertas, assim como circulação automóvel, com um maior controlo nas entradas e saídas dos transportes e dentro das estações.

Questionado na terça-feira na Assembleia Nacional sobre a destruição de montras, de caixotes do lixo e de motas nas ruas de Paris após a vitória marroquina no sábado, o ministro respondeu aos deputados que «sejam felizes» e desejou boa sorte às equipas de França e de Marrocos.

Na imprensa, muitas figuras de relevo em França, com origens marroquinas, têm vindo falar do seu apoio às duas seleções. É o caso do jogador francês e ex-Boavista Adil Rami, que foi campeão do Mundo em 2018 e tem dupla nacionalidade, defendendo que aconteça o que acontecer, uma das suas metades «já está na final». 

No Qatar estará o Presidente francês Emmanuel Macron, que ficará apenas algumas horas no país do Médio Oriente, apesar dos apelos ao boicote deste Mundial. Com o chefe de Estado francês seguem vários atletas franceses, mas também figuras franco-marroquinas como o dramaturgo Mohamed El Khatib.